SÃO PAULO, SP, BRASÍLIA, DF, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal cumpriu nesta quarta-feira (3) mandado de busca e apreensão em endereço do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de prisão contra seus ex-assessores Mauro Cid e Max Guilherme.
Também são alvos de mandado de prisão Sergio Cordeiro, segurança de Bolsonaro, Luis Marcos dos Reis, ex-ajudante de ordens, Ailton Moraes Barros, candidato a deputado estadual pelo PL-RJ em 2022, e João Carlos de Sousa Brecha, secretário em Duque de Caxias (RJ).
Michelle também é investiga nesse caso.
As medidas são no âmbito de uma investigação, diz a PF, sobre uma suposta "associação criminosa constituída para a prática dos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde."
Veja quem é quem na investigação da Polícia Federal:
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Jair Bolsonaro (busca e apreensão)
O ex-presidente foi intimado pela Polícia Federal a prestar depoimento ainda nesta quarta-feira (3) sobre suposta fraude no sistema de vacinação do Ministério da Saúde. Ele, porém, informou à PF que não vai comparecer à oitiva.
Bolsonaro disse na manhã desta quarta-feira (3) que não tomou a vacina contra a Covid-19, assim como sua filha, Laura Bolsonaro, e que não houve adulteração no seu cartão.
"Não tomei a vacina. Nunca me foi pedido cartão de vacina [para entrar nos EUA]. Não existe adulteração da minha parte. Não tomei a vacina, ponto final. Nunca neguei isso. Havia gente que me pressionava para tomar, natural. Mas não tomava, porque li a bula da Pfizer", disse o ex-chefe do Executivo.
Bolsonaro foi crítico da vacinação contra o coronavírus, espalhou mentiras sobre o tema e sempre diz não ter se imunizado. Agora, a PF apura se houve adulteração no seu cartão do SUS e de sua filha.
Michelle Bolsonaro (investigada)
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também é investigada pela Polícia Federal sob suspeita de fraude no registro de vacinação.
A ex-primeira dama disse, por meio de suas redes sociais, que ela e o marido não sabem o que motivou a ação desta quarta e afirma que, em sua casa, apenas ela foi vacinada.
"Ficamos sabendo, pela imprensa, que o motivo seria 'falsificação de cartão de vacina' do meu marido e de nossa filha, Laura. Na minha casa, apenas EU fui vacinada", escreveu Michelle no Stories do Instagram.
Mauro Cid (preso)
O coronel era uma espécie de braço direito de Bolsonaro, relação que o levou a entrar na mira da PF.
Ele foi um dos indiciados pelo vazamento da apuração utilizada por Bolsonaro em uma transmissão de 4 de agosto de 2021, em que contestou a segurança do sistema eleitoral e levantou suspeita de fraude nas eleições de 2018.
Informações obtidas a partir da quebra de sigilo telemático de Cid também indicaram a participação na live de 21 de outubro de 2021 em que Bolsonaro fez uma falsa associação entre a vacinação contra a Covid e o desenvolvimento da Aids.
Preso nesta quarta-feira, Cid também é investigado no inquérito das milícias digitais por transações suspeitas em favor de Bolsonaro, também descobertas pela PF a partir da quebra dos sigilos telemático e bancário.
Max Guilherme de Moura e Sergio Cordeiro, seguranças de Bolsonaro
Tanto Max quanto Cordeiro são um dos oito cargos de assessor a que Bolsonaro tem direito como ex-presidente da República. Este último foi, inclusive, quem cedeu a casa para o ex-mandatário realizar lives durante a campanha eleitoral, quando foi proibido de fazê-las no Palácio da Alvorada.
Eles também acompanharam Bolsonaro na sua temporada nos Estados Unidos, após perder a eleição. Max ainda esteve ao lado do ex-presidente em suas primeiras viagens pelo Brasil e nos passeios que tem dado por Brasília, como ao colégio militar.
Sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro e ex-integrante do Bope, Max Guilherme foi designado para atuar na segurança de Bolsonaro em novembro de 2018, ainda durante o governo de transição do então presidente eleito. Após a posse, ele passou a integrar o gabinete pessoal do presidente.
José Carlos de Sousa Brecha (preso)
Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva (investigada)
Deputado federal Gutemberg Reis, do MDB-RJ (busca e apreensão)
O secretário de Governo de Duque de Caxias foi preso na manhã desta quarta.
A chefe da central de vacina da cidade da Baixada Fluminense, Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, também foi conduzida para prestar depoimento na sede da PF, no Rio.
Ambos fazem parte do grupo político do ex-prefeito da cidade, Washington Reis, aliado de Bolsonaro.
Caxias foi uma das cidades no estado que mais acelerou as primeiras fases da vacinação contra a Covid, em 2021, sem seguir a ordem de prioridades sugerida pelo Ministério da Saúde.
O irmão do ex-prefeito, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) também foi alvo na operação. Contra ele, a PF cumpriu um mandado de busca e operação em um endereço do congressista no Rio. Reis, porém, estava em Brasília.
O segundo preso no Rio foi o militar Ailton Gonçalves Moraes Barros, que foi eleito como suplente para a Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Ele concorreu pelo PL e se autointitulava o "01 do Bolsonaro" no estado.
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