BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O novo ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Marcos Antonio Amaro, afirmou que uma das suas missões no comado do órgão será buscar um "equilíbrio na ocupação de cargos" entre civis e militares, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Amaro afirmou que alguns cargos do GSI são específicos para militares, mas por outro lado citou duas secretarias do gabinete --que tratam de governança de temas, como o programa nuclear e o sistema do espaço aéreo brasileiro-- nas quais é possível incluir civis "sem prejuízo" na atuação.
Ele tomou posse na manhã desta quinta-feira (4) como o novo ministro do GSI, em uma cerimônia fechada e discreta, no gabinete de Lula. O militar substituiu o também general Gonçalves Dias, que pediu demissão desgastado com a divulgação de imagens do circuito interno do Palácio do Planalto, durante a invasão de 8 de janeiro.
O novo chefe do GSI afirmou que Lula pediu que ele aumente a quantidade de civis que atuam no órgão, que acabou esvaziado nos últimos meses, perdendo a responsabilidade pela guarda do presidente da República e também da Abin (Agência Brasileira de Inteligência)
"Nesse primeiro momento que houve esse esvaziamento, não apenas das atribuições mas também de pessoal, temos que buscar esse recompletamento do nosso efetivo, trazendo pessoas para exercer essas competências, nas áreas administrativas e operacional do GSI. Então esse é o primeiro esforço, estou estudando com aqueles que remanesceram aqui no GSI essa necessidade de trazer as pessoas para comporem nosso quadro e pessoal", afirmou Amaro, em entrevista à Globonews.
"Existe uma intenção do presidente que aproveite também para trazer mais civis aqui para o Gabinete de Segurança Institucional. Eu vou procurar logicamente atender prontamente essa diretriz do presidente e estou tomando pé aqui da situação de forma a aprimorar essa capacidade de resolver essas atribuições do Gabinete de Segurança Institucional", completou.
Amaro, na sequência, afirmou que há atividades do GSI que são de competência de militares e não podem ficar a cargo de civis. Citou em particular a Secretaria de Coordenação e Segurança Presidencial.
No entanto, afirmou que há espaço para nomeação de civis em cargos de governança de outras secretarias. E são nessas que ele vai buscar um "equilíbrio".
"Existem duas outras secretarias, uma é de coordenação de sistemas, que trata ali do programa nuclear brasileiro, nesse nível de governança desse sistema, e outra do sistema aéreo espacial brasileiro, também nesse nível de governança. São coisas muito voltadas também para atividades militares, hoje desempenhadas por militares. Alguns desses cargos podem ser ocupados por civis, sem prejuízo. Então a gente vai ter que fazer uma compensação para dar um certo equilíbrio na ocupação de cargos", afirmou.
Amaro também foi questionado sobre eventuais falhas do GSI e da inteligência do governo nos dias que antecederam o 8 de janeiro. Mais especificamente, houve perguntas sobre as mensagens que foram encaminhadas para agentes do governo, alertando para os riscos.
Documentos obtidos pela Folha de S.Paulo mostram que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) enviou desde o dia 6 de janeiro alertas a Gonçalves Dias (Gabinete de Segurança Institucional) e ao Ministério da Justiça, já sob o comando de Flávio Dino (PSB), sobre a possibilidade de ações violentas e invasão a prédios públicos nos atos que ocorreriam dois dias depois, em 8 de janeiro.
Esses documentos foram enviados pela Abin à CCAI (Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência) do Congresso Nacional no dia 20 de janeiro. Os informes são mantidos em sigilo.
Amaro evitou comentar especificamente falhas na inteligência durante a invasão das sedes dos Poderes. Falando de uma maneira mais ampla, explicando "fundamentos de inteligência", ressaltou que a forma que se dá o envio das mensagens e o seu conteúdo em muitos casos é tão importante quanto o agente com poder de decisão recebê-la com antecedência
"Estou esclarecendo um fundamento da inteligência. Se a gravidade é tamanha que exija uma busca de outras fontes de comunicação, de um canal mais direto, isso talvez deva ser buscado. Não estou transmitindo responsabilidades [para os agentes que enviaram as mensagens]", afirmou.
"Mas essa assertividade é importante. Estou dizendo assim um fundamento da difusão de um conhecimento da inteligência, a questão da assertividade e do timing e não apenas 'a tempo de'", completou.
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