SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Presidente do grupo parlamentar de amizade Brasil-França na Assembleia Nacional do país europeu, o deputado Nicolas Dupont-Aignan disse a parlamentares brasileiros na última sexta-feira (5) que o acordo entre Mercosul e União Europeia não será aprovado sem modificações importantes no capítulo agrícola.
Ele recebeu para um almoço membros da comissão da Câmara brasileira que trata da reforma tributária. O grupo estava em missão oficial à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para debater o tema.
Presidente de um pequeno partido de direita radical ex-candidato a presidente da França, Dupont-Aignan aproveitou a ocasião para criticar o uso de "veneno" pelos agricultores brasileiros, em referência a agrotóxicos. Disse que os consumidores europeus não comem alimentos com produtos tóxicos, ao contrários do que fariam os sul-americanos.
Ele também declarou que o aumento da cota de exportação de carne para o bloco previsto no acordo prejudicaria produtores locais. De acordo com Dupont-Aignan, deputados franceses que votarem a favor do acordo não terão chance de serem reeleitos.
Em resposta, os deputados e um representante da embaixada disseram que o aumento da cota é pequeno, equivalente a 100 gramas anuais por habitante, e rebateram as declarações sobre os agrotóxicos.
As declarações azedaram o clima no almoço, em que havia sete deputados brasileiros, incluindo o presidente da comissão da reforma tributária, Reginaldo Lopes (PT-MG). "Se o presidente do grupo de amizade Brasil-França age assim, imagina o que faria o grupo de inimizade", disse o deputado Marco Bertaiolli (PSD-SP).
O acordo entre os dois blocos foi finalizado durante o governo Jair Bolsonaro (PL), mas ainda não assinado e referendado pelos respectivos Parlamentos. Os europeus querem reabrir discussões envolvendo questões ambientais, o que não é aceito pelos sul-americanos.
Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!