SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Parlamentares bolsonaristas da Assembleia Legislativa de São Paulo formalizaram um convite à secretária da Cultura de Tarcísio de Freitas (Republicanos), Marilia Marton, e ao presidente da Fundação Padre Anchieta, José Roberto Maluf, para que expliquem os critérios de produção dos programas da emissora.
Apresentado pelo deputado Gil Diniz (PL-SP), o pedido foi aprovado na comissão de Educação e Cultura. O pedido era inicialmente de convocação, mas ele modificou para convite a pedido do líder do governo, Jorge Wilson (Republicanos).
O alvo do requerimento é a TV Cultura, que, segundo argumentam Diniz e deputados aliados, tem desviado de sua finalidade ao exibir programas com ataques ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O requerimento cita o documentário "O Autoritarismo Está no Ar -- 3 Anos Depois", que foi tirado do ar pela TV Cultura em abril após críticas de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e depois republicado.
Por meio de entrevistas, o documentário analisa qual foi a responsabilidade de Bolsonaro nos ataques de 8 de janeiro. "Ele jamais foi ou pretendeu ser chefe de Estado, porque isso implica encarnar a representação do conjunto do país. Não se deixar encapsular na Presidência, que estabelece certas restrições ao exercício do poder, foi um ato deliberado", afirma o cientista político Sérgio Fausto, um dos entrevistados do documentário.
"A TV Cultura, mantida pela fundação Padre Anchieta, se tornou um antro de militantes políticos, só um lado tem espaço na programação diária de seus jornais, não há sequer pluralidade de ideias. O estopim para o requerimento foi o documentário sobre a ascensão da direita no Brasil, a meu ver, uma tentativa de criminalizar e silenciar esse campo político", afirma Diniz à coluna Painel, da Folha de S.Paulo.
"Por que a TV Cultura continua daquele jeito e o Tarcísio não faz nada? Você [Diniz] é homem forte do governo. Eu sou base do governo, mas não sou forte. Vocês têm que conversar com ele. Não aguento mais assistir àquele jornal nojento das 20h da TV Cultura, que o governo banca com dinheiro. É o jornal mais nojento que existe hoje no Brasil", disse o deputado Delegado Olim (PP), em plenário.
A escolha de Tarcísio por Marilia como secretária de Cultura decepcionou a ala da direita vinculada ao chamado bolsonarismo cultural, encabeçada por Eduardo Bolsonaro e que comandou a Secretaria da Cultura do governo Bolsonaro até 2022. A atual secretária fez sua trajetória no PSDB (do qual se desfiliou antes de assumir o cargo) e é vista como técnica pelo governador, que ao escolhê-la optou por se distanciar das tensões das batalhas ideológicas na área cultural.
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