BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O GSI (Gabinete de Segurança Institucional) nomeou nesta sexta-feira (19) o novo diretor do departamento de Segurança Presidencial, coronel Laurence Alexandre Xavier Moreira. O nome foi publicado no Diário Oficial da União com intuito de sacramentar a volta dos militares para a função.
Desde o período da transição, a Polícia Federal e os militares disputam a gestão da segurança presidencial. Devido a uma desconfiança dos petistas com o GSI, até então comandado pelo general Augusto Heleno, decidiu-se por deixar a segurança pessoal do presidente Lula (PT) a cargo da PF.
Em entrevista à Folha de S.Paulo no início de maio, o novo ministro do GSI, general Marcos Antonio Amaro, disse que Lula decidiu reverter a mudança.
O novo diretor da segurança presidencial era anteriormente assessor parlamentar da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Depois, foi transferido para a Casa Civil.
Ele também integrou o departamento que hoje vai dirigir entre 2004 e 2007, nos dois primeiros mandatos de Lula.
Além disso, foi adido na representação diplomática do Brasil na Indonésia e, em 2018, trabalhou no gabinete do então comandante do Exército, general Villas Bôas. Nesse posto, foi analista de inteligência na área de prevenção e combate ao terrorismo.
O nome do chefe de Moreira, que comandará a Secretaria de Segurança e Coordenação da Presidência, também já foi escolhido: general Ricardo Augusto do Amaral Peixoto.
Ele foi adido na Itália. Voltou em 2019, quando integrou o gabinete do então comandante do Exército, Edson Pujol, onde ficou até 2021. Depois, assumiu o comando da 2ª Brigada de Infantaria de Selva.
Já no governo Lula, foi nomeado em abril 2º Subchefe do Estado-Maior do Exército.
Além dele, Amaro também decidiu pelo general Ivan de Sousa Corrêa Filho para ocupar a secretaria-executiva da pasta. Tanto ele como Peixoto ainda aguardam o aval de suas nomeações na Casa Civil, mas as indicações foram publicadas no Informex, comunicado interno do Exército. Corrêa Filho é especialista em cibersegurança.
As dificuldades de logística têm pesado para a volta dos militares à função. Em janeiro, decreto presidencial determinou a criação da Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata do Presidente da República, com prazo de funcionamento até 30 de junho. Com isso, a PF assumiu a segurança de Lula e do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB).
Segundo colaboradores de Lula, no entanto, houve nós na articulação das ações de segurança, obrigatoriamente compartilhadas entre agentes federais e militares.
No modelo híbrido adotado nesses primeiros meses de governo, Forças Armadas e PF dividem a segurança de Lula durante agendas públicas.
Nas visitas aos estados, por exemplo, o deslocamento do presidente fica sob responsabilidade das Forças Armadas. Também são os militares que controlam o acesso público e seu entorno durante atividades externas. Nessa divisão de tarefas, cabe à PF zelar pela segurança no cerco ao presidente.
Na avaliação de aliados de Lula, essa experiência não tem sido bem-sucedida. Em meio a essa delicada relação entre governistas e militares, chegou-se a estudar a possibilidade de a PF assumir toda a cadeia de segurança presidencial --hipótese descartada diante da falta de agentes para a missão.
Além disso, a volta do GSI poderia ser encarada como uma demonstração de confiança do presidente ao delegar sua segurança pessoal aos militares, mesmo depois dos ataques golpistas de 8 de janeiro.
Apesar da publicação em Diário Oficial, agentes federais insistem na manutenção da secretaria extraordinária sob o comando da PF. Eles lembram que o funcionamento desse modelo vai até o fim de junho.
A intenção é convencer Lula a prorrogar sua vigência ao menos até o fim de 2023. No Palácio do Planalto, no entanto, a expectativa era que Lula informasse sua decisão ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, ainda esta semana, durante a viagem ao Japão. Andrei integra a comitiva oficial.
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