BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Alvo de um mandado de busca e apreensão cumprido pela Polícia Federal na semana passada, Luciano Cavalcante, auxiliar próximo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi demitido do cargo que ocupava na liderança do PP na Casa.
A exoneração foi divulgada no boletim administrativo da Casa nesta segunda-feira (5). Luciano exercia cargo em comissão de secretário particular no gabinete do líder do Progressistas.
Luciano é conhecido em Brasília como uma das pessoas de maior confiança do político, que o acompanha em agendas diversas e viagens.
A PF investiga um esquema de desvios em contratos de kits de robóticas custeados pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) no governo de Jair Bolsonaro (PL). As aquisições dos kit foram reveladas pela Folha em 2022.
Uma das suspeitas é que Luciano e sua mulher Glaucia possam ser beneficiários de valores desviados de contratos para compra de kit robótica, custeados em parte com dinheiro de emendas do relator.
O caso teve origem em reportagem da Folha publicada em abril do ano passado sobre as aquisições em municípios de Alagoas, todas assinadas com uma mesma empresa pertencente a aliados do presidente da Câmara.
A investigação começou ainda em 2022 após a revelação da Folha de S.Paulo. O pedido de buscas e prisões foi feito pela PF em março de 2023, e as ordens, expedidas pela Justiça Federal de Alagoas.
Como mostrou a Folha de S.Paulo à época, os kits foram contratados com recursos, em boa parte, das bilionárias emendas de relator do Orçamento --naquele momento, durante o governo Bolsonaro, Lira era responsável por controlar em Brasília a distribuição de parte desse tipo de verba.
A investigação da PF sobre supostos desvios em contratos para compra de kit de robótica com dinheiro federal descobriu que o empresário Edmundo Catunda repassou R$ 550 mil à empresa que construiu a casa em que mora Luciano Cavalcante
Catunda é de uma família alagoana aliada de Lira e um dos sócios da Megalic, empresa que ganhou os contratos do kit de robótica sob suspeita de desvios de dinheiro público.
Informações em posse da PF mostram que Catunda repassou R$ 550 mil para a Construtora EMG, que ergueu o condomínio onde está localizada a casa de Cavalcante. Os dados levantados mostram, inclusive, que a conta de energia elétrica da casa ainda está em nome da EMG.
A PF chegou até Luciano Cavalcante e Glaucia ao investigar movimentações financeiras da Megalic.
Na semana passada, o advogado André Callegari, que defende Luciano Cavalcante, disse que analisava os fatos e que que "as simples imagens mencionadas não demonstram qualquer atividade ilícita do investigado" e que Cavalcante não tem ligação com a Megalic.
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