SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A relação entre o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o União Brasil em São Paulo atingiu pico de tensão nas últimas semanas, e alguns dos envolvidos falam inclusive em possibilidade de ruptura.
O motivo está no que membros do partido classificam como quebra de acordo por parte do ocupante do Palácio dos Bandeirantes --que, por sua vez, tem dito a aliados que não pretende ceder à pressão da sigla.
Segundo argumentam membros da cúpula da legenda, o apoio a Tarcísio no segundo turno, em 2022, estava condicionado ao controle da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano). No entanto, afirmam, ainda que o partido tenha se engajado na eleição do governador, não tem sido contemplado.
Em reuniões recentes com Arthur Lima, secretário da Casa Civil de Tarcísio, dirigentes do União Brasil, como Antonio Rueda, vice-presidente da sigla, e Milton Leite, presidente da Câmara de São Paulo, expuseram a insatisfação.
O União se queixa de supostamente fazer as indicações a Gilberto Kassab, secretário de Governo, mas vê-las ignoradas por Lima.
Nesse cenário, há deputados entre os oito da bancada estadual do partido que falam em romper com a base do governo e assumir atuação independente na Assembleia Legislativa.
Na terça-feira (20), em recado ao governo, o União decidiu obstruir a votação de um projeto de autoria do Executivo que buscava recursos para a construção do trem intercidades, dificultando a aprovação do texto. Os parlamentares afirmam que a instrução de obstrução está mantida para as próximas votações, enquanto líderes do União Brasil e do governo Tarcísio ainda negociam.
O governador, por sua vez, tem demonstrado incômodo com a situação. Ele tem dito a aliados que não vai ceder a pressões como a do União Brasil e que pretende barrar o loteamento político da administração estadual. Segundo argumenta Tarcísio, os parlamentares do partido terão que explicar à sociedade o motivo para que o trem e outras pautas eventualmente não sejam aprovadas na Alesp.
A tensão arrisca afastar dois partidos entre os mais importantes do arco de alianças que o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), tenta montar para sua reeleição em 2024.
Também pode haver reflexos na eleição municipal na capital. Apesar de rusgas eventuais, Nunes é próximo de Milton Leite, cacique do União Brasil, que perdeu espaço na administração estadual com a chegada de Tarcísio. Do outro lado estão Republicanos, de Tarcísio, e PSD, de Kassab.
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