SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O Tribunal de Justiça de São Paulo absolveu o vereador da capital Camilo Cristófaro (Avante) de uma acusação de racismo.

Em maio do ano passado, ao participar de uma sessão da Câmara Municipal sem saber que seu áudio estava ligado, Cristófaro disse: "Arrumaram e não lavaram a calçada. É coisa de preto, né?".

Para o juiz da 17ª Vara Criminal Fábio Aguiar Munhoz Soares, não houve "vontade de discriminar". "À condenação do acusado era necessário que ficasse devidamente comprovada nos autos não somente sua fala, mas também a consciência e a vontade de discriminar, pois não fosse assim e bastaria que se recortassem falas de seus contextos para que possível fosse a condenação de quem quer que fosse", escreveu ele na decisão.

O juiz Soares considerou que fala do vereador foi "completamente deturpada e mal interpretada". "A fala do acusado [...] foi extraída de um contexto de brincadeira, de pilhéria, mas nunca de um contexto de segregação, de discriminação ou coisa que o valha".

Cristófaro apresentou duas justificativas à Justiça. A primeira era que estava lavando sua coleção de Fuscas e o "preto" se referia à cor do polimento de um veículo. A segunda foi que estava se referindo a um velho amigo, Anderson Silva Medeiros, e que os dois têm liberdade para brincar um com o outro.

Na época, vereador disse ter cometido um erro e pediu desculpas a toda a população negra. "Apesar de ter tido uma fala racista, eu não sou racista em minhas atitudes e com o tempo vocês terão a oportunidade de constatar isso", disse ele em nota na época.

Câmara aprovou início de processo de cassação de Cristófaro por racismo em maio deste ano. Caso o procedimento avance, vereador pode ser suspenso por até 90 dias ou ser cassado por quebra de decoro parlamentar.

Vereador já foi acusado de racismo anteriormente. Em 2019, ele chamou o vereador Fernando Holiday (Novo) de "macaco de auditório" no plenário.

Uma das signatárias do processo contra Cristófaro, a vereadora Luana Alves (PSOL), afirmou que a decisão a entristece, mas que pode ser revertida. "É muito possível que a própria promotoria recorra da decisão, lembrando que é uma decisão em primeira instância", disse. "Tem bastante passos do ponto de vista judicial que ainda podem ser tomados".


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