SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal prendeu o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques na manhã desta quarta-feira (9), em uma operação sobre as suspeitas de interferência da corporação no segundo turno das eleições de 2022.

Os agentes federais também cumprem dez mandados de busca e apreensão nos estados de Santa Catarina, onde o ex-diretor da PRF foi preso, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte, além do Distrito Federal. As ordens foram expedidas pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Silvinei foi um dos subordinados mais próximos de Jair Bolsonaro (PL) e chegou a ser convocado no dia do segundo turno pelo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, para dar explicações sobre a atuação da PRF sob risco de prisão.

No dia da eleição, o ex-diretor pediu votos para Bolsonaro nas redes sociais. Publicou uma imagem da bandeira do Brasil com as frases "Vote 22. Bolsonaro presidente". Apagou depois a postagem.

Abaixo, saiba quem é Silvinei:

*

Silvinei Vasques teve uma gestão marcada por crises, como a iniciada pelo assassinato de Genivaldo de Jesus, em Sergipe.

Natural de Santa Catarina, ele tomou posse em abril do ano passado, dias após a nomeação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres -um dos principais aliados do presidente.

Desde então, ajudou a consolidar uma mudança no eixo de atuação da corporação iniciada no governo Bolsonaro, priorizando operações de combate ao tráfico de drogas em detrimento da fiscalização de rodovias.

Foi por decisão de Silvinei que, no dia 3 de maio de 2022, a PRF revogou o funcionamento e as competências das comissões de direitos humanos. Menos de um mês depois, Genivaldo de Jesus Santos foi asfixiado no porta-malas de uma viatura durante uma abordagem da corporação.

Logo após o caso, a PRF soltou uma nota em que afirmava que a vítima tinha resistido ativamente à abordagem.

A versão acabou desmentida por vídeos que mostraram Genivaldo rendido, com as mãos algemadas e os pés amarrados. Depois da repercussão, Silvinei determinou o afastamento dos policiais envolvidos e reconheceu que o caso era grave.

Na PRF desde 1995, um dos últimos cargos de Silvinei no Rio de Janeiro foi o de chefe de operação voltada para o combate ao crime organizado no estado. Ele também foi fiscal de contratos na secretaria de grandes eventos criada para a realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016.

O alinhamento da PRF com o Planalto se intensificou em 2020, após Bolsonaro demitir o diretor-geral Adriano Furtado.

O motivo da exoneração foi Furtado ter escrito, em abril daquele ano, uma nota afirmando que um agente da corporação havia morrido vítima da Covid-19. Após a demissão, o presidente nomeou para o cargo Eduardo Aggio de Sá.

Vasques foi nomeado por Bolsonaro após se aproximar do senador Flávio (PL-RJ), filho do presidente, quando era superintendente da corporação no Rio de Janeiro -último cargo que ele ocupou antes de assumir a PRF.

No dia da eleição, o então diretor da PRF pediu votos para Bolsonaro nas redes sociais. Vasques publicou uma imagem da bandeira do Brasil com as frases "Vote 22. Bolsonaro presidente". A postagem foi apagada.

No Instagram, o inspetor acumula fotos com o presidente, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e o ministro da Justiça.

Em uma delas, agradece a Bolsonaro "pelos investimentos históricos na PRF" e diz que a corporação "está se transformando e fortalecendo seu processo de presença e ações por todo Brasil".

Em março, recebeu a medalha de Ordem do Mérito do Ministério da Justiça -cujo objetivo, segundo o governo, é "agraciar autoridades que prestam notáveis serviços" ao ministério.


Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!