BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O advogado da família investigada por suposta agressão ao filho do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), pediu à corte que inclua no inquérito um vídeo em que o magistrado chama um dos envolvidos de "bandido".
No documento enviado nesta quinta-feira (5) ao ministro Dias Toffoli, relator do inquérito no STF, o advogado Ralph Tórtima Stettinger Filho diz que o vídeo de nove segundos comprova que os investigados não proferiram ofensas contra Moraes no aeroporto internacional de Roma, em julho.
"No único momento em que o Min. Alexandre se encontra presente e próximo dos investigados, nenhuma ofensa é a ele direcionada, nem mesmo ao seu filho. Também, fica muito evidente por meio dessas imagens que o Min. Alexandre em momento algum teve o seu deslocamento impedido ou foi por qualquer deles perseguido", diz Tórtima.
Segundo o advogado, Moraes só foi até os três suspeitos para "retirar seu filho daquele local". Na versão da defesa, Alexandre Barci, filho do magistrado, "insistia em proferir ofensas à Andreia Munarão", uma das investigadas.
"A presença do filho do Ministro, fora daquelas dependência (da sala VIP do aeroporto), se dava em razão da sua postura frente aos investigados, tendo que ser contido e retirado por seu próprio pai", conclui a defesa na petição enviada ao STF.
O vídeo, registrado por um dos suspeitos, mostra Moraes retirando o filho de perto dos supostos agressores. Nas imagens, Moraes afirma que todos serão identificados; já Barci diz que a família seria processada.
Em seguida, um dos suspeitos pergunta a Moraes se ele o estava ameaçando. O ministro, em resposta, limitou-se a chamá-lo de "bandido".
Procurada, a assessoria do STF informou que Moraes "não vai comentar" o pedido da defesa dos investigados.
Relator do inquérito, Toffoli retirou o sigilo dos autos na quarta-feira (4), com exceção dos vídeos.
O inquérito da Polícia Federal indica que a mão do empresário Roberto Mantovani, um dos suspeitos, atingiu o rosto de Alexandre Barci durante a discussão no aeroporto italiano.
Em reconstituição feita no inquérito, de acordo com as imagens do circuito interno do aeroporto, a PF diz que Mantovani e sua esposa, Andreia Munarão, aparentemente discutiram e gritaram com o filho de Moraes.
O documento mostra capturas de tela dos vídeos com legendas da análise policial.
Enquanto Andreia gritava com Barci, diz a análise da PF, Mantovani "se prostra diante do filho do ministro e em seguida parece desafiá-lo".
"Roberto [Mantovani] parece afrontar e desafiar o filho do ministro, confrontando-lhe, enquanto Andreia, aparentemente, continua a gritar, apontando o dedo indicador para ele ou para alguém próximo", diz o documento da PF.
Em seguida, a imagem mostra que Mantovani, mais alto que Barci, "parece se impor" e decide afrontar o filho do ministro "de forma intimidativa, 'peitando-o'". "De repente, Roberto começa a levantar o braço com as costas da mão direita voltadas para Barci", descreve a reconstituição.
"Na sequência, Roberto Mantovani parece bater as costas de sua mão direita no rosto de Alexandre Barci, vindo a atingir os óculos deste e, aparentemente, deslocá-los. Os óculos não chegam a cair no chão devido a uma discreta esquiva da vítima."
Depois de dizer que "parece bater", a PF afirma na legenda de uma das imagens: "momento em que a mão de Roberto Mantovani atinge o rosto de Alexandre Barci".
Após esse momento, o filho do ministro levanta a mão com um celular para gravar a atitude do empresário, que recua.
O caso ocorreu em 14 de julho. A conduta dos brasileiros acusados de hostilizar o filho de Moraes passou a ser investigada após Moraes enviar um ofício para o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Andrei Passos Rodrigues, relatando o ocorrido.
No documento, Moraes diz que Andreia o ofendeu de "bandido, comunista e comprado" enquanto Roberto Mantovani "passou a gritar e, chegando perto do meu filho, Alexandre Barci de Moraes, o empurrou e deu um tapa em seus óculos".
"Fui, então, ao encontro dos mesmos solicitando que cessassem as ofensas e agressões verbais. Alertei que seriam fotografados para identificação posterior, tendo como resposta uma sucessão de palavras de baixo calão", disse Moraes à PF, pedindo que fosse aberta uma investigação para apurar o possível cometimento dos crimes contra a honra e liberdade pessoal.
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