BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Num reforço da articulação política do governo, o presidente Lula (PT) vai se encontrar, nesta terça-feira (31), com lideranças da Câmara dos Deputados que integram partidos de sua base aliada. A reunião ocorre em meio a um esforço para avançar até o fim do ano na votação da pauta econômica, considerada prioritária para o Executivo.
O encontro acontece após mais um passo decisivo para a aliança do governo com o centrão, com a troca no comando da Caixa Econômica Federal. Na semana passada, Lula demitiu Rita Serrano e indicou para o posto o funcionário de carreira Carlos Antônio Vieira Fernandes, aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Não está prevista a participação de Lira na reunião.
Aliados apontam que Lula não pretende realizar uma cobrança enfática por apoio aos líderes. Mas deverá lembrar que seu governo vem atuando para prestigiar as siglas da base e que precisa de suporte nas votações prioritárias, principalmente as econômicas. O petista e ministros deverão fazer uma exposição das matérias mais importantes do Executivo.
Além dos líderes da Câmara, presidentes das legendas aliadas também foram convidados para participar. Um encontro com cardeais do Senado está previsto para a próxima semana.
Esta será a primeira reunião de Lula e lideranças da Câmara após a entrada no governo do PP e Republicanos --eles indicaram, respectivamente, André Fufuca e Silvio Costa Filho para as pastas do Esporte e de Portos e Aeroportos.
Lula vinha dizendo a interlocutores que pretendia manter um diálogo mais próximo com as lideranças partidárias após se recuperar de cirurgia no quadril. Em julho, após a aprovação da Reforma Tributária, o petista recebeu Lira e líderes no Palácio da Alvorada.
Interlocutores no Planalto afirmam que a reunião desta terça não significa que Lula não confie no trabalho do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), responsável pela articulação política do governo. Por outro lado, o mandatário tem dito que está fazendo concessões, abrindo espaço em seu governo, e por isso quer atuar nas conversas.
O presidente chegou a externar sua vontade de participar da articulação política na semana passada. Durante café da manhã com os jornalistas, Lula assumiu parte da culpa pela rejeição no Senado ao seu indicado para assumir a DPU (Defensoria Pública da União), Igor Roque, por não ter atuado para garantir a aprovação do nome.
A rejeição representou uma derrota emblemática sofrida pelo governo no Congresso Nacional. Apesar disso, auxiliares palacianos afirmam que a reunião desta terça já estava prevista para ocorrer --e, portanto, não se trata de uma resposta à derrota.
Em relação ao Senado, auxiliares apontam que o presidente pretende também intensificar os encontros com o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a exemplo do que fez nos meses recentes com Lira, o chamando para vários eventos no Planalto.
Além da tramitação das propostas econômicas, assessores lembram que o Senado terá pela frente a análise de uma série de indicações que ainda serão feitas pelo governo Lula, como para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal) e também para a sucessão na PGR (Procuradoria-geral da República).
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) deverá comparecer à reunião desta terça, em mais uma demonstração de que o foco da conversa será dado às propostas da equipe econômica. A principal prioridade da Fazenda é a que trata da subvenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
Na época do envio original da proposta, a equipe econômica indicou que esperava arrecadar cerca de R$ 35 bilhões a partir de 2024 com a medida, o que a torna uma das principais do pacote de Haddad para elevar a arrecadação federal. O próprio ministro deverá se reunir ainda nesta semana com líderes da Câmara e Lira para tratar da proposta.
Lula também deverá pedir celeridade para a Câmara concluir ainda neste ano a tramitação da Reforma Tributária -que ainda será votada pelos senadores, com alterações, voltando para a apreciação dos deputados.
Padilha confirmou nesta segunda (30) que o foco será dado para pedir apoio para as pautas que aumentam a arrecadação do governo. Ele minimizou a hipótese de Lula pretender intensificar a articulação política a partir de agora.
"O presidente sempre quis e sempre esteve aberto a participar dessas reuniões com os líderes. É uma participação importante. Além de mim, outros ministros vão estar presentes, exatamente no momento em que vamos reforçar a centralidade nessa reta final de ano, da importância de votarmos e aprovarmos essas medidas que consolidam esse esforço de reequilíbrio macroeconômico do orçamento do país, da capacidade do país de mostrar que vai conciliar responsabilidade social e responsabilidade fiscal", disse o ministro.
O encontro também ocorre num momento em que Haddad mantém a promessa prevista nas peças orçamentárias de buscar a eliminação do déficit das contas públicas em 2024 e após as declarações de Lula de que a meta do próximo ano não precisa ser zero.
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