BRASÍLIA, DF(FOLHAPRESS) - A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro ironizou a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid na qual o militar teria dito que ela incitava o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a dar um golpe de estado e não aceitar o resultado das eleições de 2022.
Michele faria parte de um grupo de conselheiros radicais, juntamente com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), um dos filhos do ex-presidente, segundo informação do UOL. Mauro Cid relatou isso à Polícia Federal, de acordo com o portal.
Neste sábado (11), a ex-primeira dama citou a informação em discurso em encontro do PL Mulheres no Espírito Santo e encenou um treino de luta para ironizar o relato.
"Eu, incitando golpe? Com qual arma? Minha Bíblia poderosa?", afirmou ela. "Eu sei dar golpe e quero ensinar para vocês agora: dou golpe, jab, jab, direto, cruzado, up, esquiva", continuou a ex-primeira-dama, encenando golpes de boxe enquanto falava.
Ela disse praticar luta todas as terças e quintas-feiras. Em sua fala, Michele disse que, quando a mulher entra na política, sofre violência, falam coisas que não existem e "há fogo cruzado" e "fogo amigo".
A ex-primeira-dama é uma das apostas eleitorais do PL, sobretudo depois de Bolsonaro ter sido declarado inelegível. Ela vem participando de eventos e figurando em propagandas da legenda.
Mauro Cid era ajudante de ordens da Presidência da República. Ele foi preso em maio, mas foi solto em setembro após assinar o acordo de delação com a Polícia Federal.
De acordo com esse relato de Cid, o grupo integrado por Michele e Eduardo costumava dizer que Bolsonaro tinha apoio da população e dos atiradores esportivos, conhecidos como CACs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador), para uma tentativa de golpe.
A discussão de Bolsonaro sobre uma ação militar contra o resultado eleitoral é alvo de investigação da Polícia Federal.
Tratativas do ex-presidente com militares têm sido relatadas pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid em sua delação. O tenente-coronel já indicou, por exemplo, que Bolsonaro teria consultado se os chefes militares apoiariam uma intervenção no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), com possível prisão de ministros e convocação de novas eleições. Bolsonaro nega que tenha cometido qualquer ilegalidade.
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