CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - A Justiça Federal no Paraná negou pedido do Ministério Público Federal para demitir o procurador da República Diogo Castor de Mattos, que atuou na força-tarefa da Operação Lava Jato até o início de 2019. A decisão, assinada na última quinta-feira (16), é da juíza substituta Thais Sampaio da Silva Machado, da 1ª Vara Federal de Curitiba. Cabe recurso.

Em outubro de 2021, o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) decidiu aplicar pena de demissão a Castor de Mattos pela contratação de um outdoor em homenagem à Operação Lava Jato. Por 6 votos a 5, o plenário do conselho entendeu que o procurador cometeu ato de improbidade administrativa.

Mas, por causa da vitaliciedade do cargo, a pena de demissão não é aplicada de forma imediata.

Após a decisão do CNMP, o então procurador-geral Augusto Aras delegou a um membro do MPF a tarefa de entrar com uma ação civil pública de perda do cargo contra Castor de Mattos, o que ocorreu em julho de 2022.

O procurador se tornou alvo do CNMP porque, em março de 2019, ele providenciou a instalação de um outdoor, no valor de R$ 4.100, com a imagem de nove procuradores da Lava Jato, acompanhada do seguinte texto: "Bem-vindo a República de Curitiba - terra da Operação Lava Jato - a investigação que mudou o país. Aqui a lei se cumpre. 17 de março, cinco anos de Operação Lava Jato - O Brasil Agradece".

O outdoor estava instalado em um terreno da avenida Rocha Pombo, na saída do Aeroporto Internacional de Curitiba.

Durante interrogatório ao CNMP, ele confirmou ter pago a peça publicitária com recursos próprios.

O CNMP entendeu que a conduta configurou a prática de ato de improbidade administrativa por atentar contra os princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade. Também considerou ter havido violação de deveres funcionais estabelecidos na Lei Complementar 75/1993.

Na sentença da semana passada, contudo, a juíza destaca que houve mudanças na Lei de Improbidade Administrativa. A partir da alteração da lei aprovada no Congresso em 2021, afirmou a magistrada, só se caracteriza o ato de improbidade "se a conduta se amoldar objetivamente às hipóteses descritas".

Segundo ela, a nova legislação exige que o ato de publicidade para configurar improbidade tenha sido bancado com recursos do erário e lembrou que Castor de Mattos contratou o outdoor com recursos próprios.

Atualmente, Castor de Mattos atua no MPF em Curitiba. A reportagem não conseguiu contato com ele nesta terça (21) para comentar o caso. Questionado, o MPF informou apenas que "não adianta providências antes que elas tenham efetivamente sido tomadas".


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