SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Presidente da República em exercício, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) se encontrou em São Paulo com o ex-governador João Doria, que se tornou seu desafeto na política e a quem já chamou de traidor.

O gesto de reaproximação dos ex-tucanos foi publicado pelo próprio Doria em suas redes sociais na manhã desta segunda-feira (4). A reunião, contudo, não foi registrada na agenda oficial de Alckmin, que participou, na capital paulista, do 28º Encontro Anual da Indústria Química e, à tarde, iria para Curitiba.

De acordo com aliados de Alckmin, Doria foi quem pediu um encontro com o vice-presidente.

"Recebi a honrosa visita do presidente Geraldo Alckmin. Chegou dirigindo seu carro particular. Tivemos uma excelente conversa sobre o Brasil e suas boas perspectivas. Alckmin tem grandeza, capacidade e bom sentimento", escreveu Doria.

Segundo o ex-governador afirmou à Folha, os dois conversaram sobre economia e estão ambos otimistas com os rumos do país.

Alckmin substitui Lula (PT) na Presidência da República até terça-feira (5), quando o petista retorna da Alemanha. Lula viajou na última segunda-feira (27) para visitas a Arábia Saudita, Catar e Alemanha, além de participar da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 28), em Dubai.

Alckmin, que era padrinho e entusiasta de Doria no PSDB desde 2016, quando o ex-governador venceu a eleição para a Prefeitura de São Paulo, rompeu com o outrora aliado em meados de 2021. Naquele momento, Alckmin viu seus planos de concorrer ao Governo de São Paulo pelo PSDB impedidos por Doria, que lançou seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB), que não se reelegeu.

Em dezembro de 2021, Alckmin deixou o PSDB após 33 anos e, numa costura para ser candidato a vice-presidente na chapa de Lula, acabou se filiando ao PSB. Doria também deixou o PSDB, em outubro de 2022.

Foi em 2017 que o então prefeito de São Paulo começou a causar dores de cabeça ao seu padrinho, que seria o candidato tucano ao Planalto em 2018. Mas Doria, com viagens pelo país, chegou a tentar se cacifar para a disputa da Presidência da República.

Em 2018, Doria se elegeu ao Governo de São Paulo fazendo campanha colada com Jair Bolsonaro (PL), algo que Alckmin desaprovou. Após o primeiro turno, em uma reunião da cúpula tucana, Alckmin disse a Doria: "traidor eu não sou", em um episódio que marcou o afastamento entre eles.


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