BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi tietado na Câmara dos Deputados durante evento de lançamento da frente parlamentar de apoio às escolas cívico-militares, nesta quarta-feira (6).

Alunos de escolas desse modelo do Distrito Federal e de Minas Gerais chegaram a ensaiar a recepção a Bolsonaro com abraço em uma espécie de dublê, antes da chegada do ex-presidente à Câmara.

Bolsonaro participou da cerimônia ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de lideranças bolsonaristas do Congresso. O deputado Zucco (RS), que está migrando do Republicanos para o PL, preside a frente parlamentar.

O governo Lula (PT) já começou o processo de extinção total do programa federal de fomento a escolas cívico-militares, uma bandeira da gestão Bolsonaro. Governadores de São Paulo, Paraná e Distrito Federal anunciaram que vão manter o programa com recursos próprios.

Em julho, o MEC (Ministério da Educação) encaminhou um ofício para as secretarias estaduais para elas iniciarem transição do modelo e para retirar militares das escolas.

Não há previsão de fechamento de unidades. O que vai ocorrer é o fim do uso de verba federal para esse modelo.

No evento desta quinta, Bolsonaro foi anunciado por Zucco como padrinho de honra da frente parlamentar.

O ex-presidente chegou à Câmara no começo da tarde. Ele foi cercado por alunos, parlamentares e apoiadores no caminho até o auditório em que o evento foi realizado. No local da cerimônia, foi recepcionado por gritos de "mito" e "volta, Bolsonaro".

O ex-presidente disse, no lançamento da frente parlamentar, que não concluiu o plano de expansão das escolas cívico-militar por causa da pandemia. Ele afirmou ainda que essas unidades não praticam "doutrinação" em sala de aula.

Tarcísio disse que o modelo de escola cívico-militar não vai "sucumbir", "apesar da tentativa de desmonte". "Eventualmente a gente está na frente de um novo Bolsonaro", disse aos estudantes na plateia.

O governador afirmou ainda que irá ampliar o número de escolas cívico-militares em São Paulo, sem citar quantas unidades deseja criar.

No documento distribuído aos estados em julho, o MEC afirmou que o "progressivo encerramento do programa" foi decidido após avaliação da medida. A ideia é que o programa acabe no fim do ano letivo, com a retirada do pessoal das Forças Armadas que atuam nas escolas.

"A partir desta definição, iniciar-se-á um processo de desmobilização do pessoal das Forças Armadas envolvidos em sua implementação e lotado nas unidades educacionais vinculadas ao programa, bem como a adoção gradual de medidas que possibilitem o encerramento do ano letivo dentro da normalidade necessária aos trabalhos e atividades educativas", diz o texto.

O Ministério da Defesa também concordou com a decisão do MEC.

No início do ano, o governo extinguiu uma subsecretaria que fora criada na gestão Bolsonaro para cuidar do tema. O ministro da Educação da gestão Lula, Camilo Santana, já havia sinalizado que não apoiaria a medida, mas ainda faltava a definição sobre como ficariam as escolas que aderiram ao modelo.

Nele, militares da reserva, bem como policiais militares e bombeiros, atuam na administração da escola. Diferentemente das escolas puramente militares, totalmente geridas pelo Exército, nesse desenho as secretarias de Educação continuam responsáveis pelo currículo escolar, mas estudantes precisam usar fardas e seguir regras definidas por militares.


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