RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A base do prefeito Eduardo Paes (PSD) na Câmara Municipal do Rio de Janeiro agiu em conjunto nesta terça-feira (12) para aprovar as contas do ex-prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), rival político do atual mandatário, de olho nas eleições do ano que vem.

A movimentação, com aval de Paes, foi feita para evitar atrito com o Republicanos, potencial aliado do prefeito em sua futura candidatura à reeleição.

Os vereadores votaram contra a rejeição das contas da gestão Crivella de 2019 e 2020, recomendada pelo TCM (Tribunal de Contas do Município) e pela Comissão de Finanças, Orçamento e Fiscalização da Câmara.

A decisão foi tomada com 34 votos contra o parecer da comissão em relação às contas de 2019, mínimo de votos necessários, e 36 referente a 2020.

Entre os que votaram contra a rejeição das contas de Crivella está o presidente da Câmara, Carlo Caiado (PSD), próximo a Paes e que só se posiciona em disputas apertadas no plenário.

As principais irregularidades apontadas foram o não pagamento de precatórios e parcelas da dívida com o BNDES, gerando um prejuízo de R$ 25 milhões.

As críticas a Crivella se resumiram aos vereadores do PSOL e a Pedro Duarte (Novo), pré-candidato à prefeitura.

"O prefeito, depois de tanto reclamar da herança maldita, deixou a votação rolar dessa forma", disse Duarte.

Nenhum vereador do PSD se manifestou na tribuna. A defesa do ex-prefeito coube aos vereadores do Republicanos e ao vereador Edson Santos (PT), cuja sigla tem três secretarias na gestão Paes.

"O governo Crivella foi ruim. Não chegou à população as politicas públicas que melhorariam a vida das pessoas. Ele foi julgado pelo povo e rejeitado pela população em 2020. Esse é o julgamento que nos interessa", disse Santos.

O movimento ocorre num momento em que Paes vê a ampliação de sua aliança ameaçada pela pré-candidatura do deputado Alexandre Ramagem (PL), com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador Cláudio Castro (PL).

A equipe de Castro tem agido para cobrar dos partidos de sua base apoio a Ramagem, incluindo a União Brasil e o Republicanos, todos com cargos também na prefeitura de Paes. O prefeito busca, assim, demonstrar fidelidade aos aliados da sigla ligada à Igreja Universal, da qual Crivella é líder.

A rejeição das contas de Crivella, além do desgaste político, poderia levar o ex-prefeito à inelegibilidade, em razão da Lei da Ficha Limpa.


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