BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal cumpre na manhã desta quinta-feira (8) mandados de busca e prisão contra ex-ministros de Jair Bolsonaro (PL) e militares envolvidos na suposta tentativa de golpe para manter o ex-presidente no poder.
Um dos alvos é o próprio ex-presidente ?ele terá que entregar o passaporte em 24 horas para a PF. Bolsonaro já foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e é alvo de diferentes outras investigações no STF (Supremo Tribunal Federal). Ele está inelegível até 2030.
Entre os alvos das medidas desta quinta-feira estão os ex-ministros general Augusto Heleno, Braga Netto e Anderson Torres. Também são alvos outros militares e Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do PL, partido de Bolsonaro.
Ao todo, a PF cumpre quatro mandados de prisão preventiva e 30 mandados de busca e apreensão em 10 estados e no Distrito Federal. Entre os presos está o ex-assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara. O militar já era investigado no caso da fraude ao cartão de vacinação do ex-presidente.
Outro detido é Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro. Em nota, a defesa de Martins alega que não teve acesso à decisão que fundamentou a prisão e que "solicitou o acesso integral dos autos para estudo e posterior manifestação".
Também são alvos de mandado de prisão os militares Rafael Martins e Bernardo Romão Correa Neto. Eles aparecem em conversas com Mauro Cid falando sobre o planejamento os desdobramentos da minuta do golpe.
Tércio Arnaud, assessor de Bolsonaro, é alvo de busca e teve o passaporte apreendido.
Entre os militares são alvos o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa e que comandou a investida do Exército contra as urnas eletrônicas, e o general Estevam Cals Theophilo Gaspar Oliveira, que era chefe do Comando de Operações Terrestres.
A PF também faz busca em endereços do ex-comandante da Marinha no governo Bolsonaro, Almir Garnier Santos.
A ação foi batizada de Tempus Veritatis e investiga uma organização criminosa que, diz a PF, atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito "para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder."
As medidas foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no âmbito do inquérito das milícias digitais.
Além das prisões e buscas, a PF também cumpre medidas diversas como a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas."
São cumpridos mandados nos estados de Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná e Goiás e no Distrito Federal.
Segundo a PF, as investigações apontam o grupo investigado se "dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital."
Primeiro, diz a Polícia Federal, o grupo atuou para construir e propagar a versão de que havia tido fraude na eleição de 2022, "por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022."
Em seguida, foram desenvolvidos atos concretos para "subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível."
Como militares são alvos, o Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados".
Uma semana após a posse do presidente Lula (PT), no dia 8 de janeiro de 2023, um grupo de apoiadores de Bolsonaro invadiu e depredou as sedes dos três Poderes, em Brasília.
Milhares desses manifestantes vestidos de verde e amarelo estavam acampados diante do quartel-general do Exército e rumaram naquele dia para a Esplanada dos Ministérios.
Em poucas horas, destruíram o patrimônio público vandalizando áreas internas dos prédios ?o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF .
Depois do ocorrido, uma intervenção federal foi instaurada pelo presidente Lula, centenas foram presos, incluindo autoridades, e outros estão sendo investigados. O STF já aceitou a denúncia contra mais de 1.200 acusados, o que os levou à condição de réus.
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