SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O então presidente Jair Bolsonaro (PL) se exaltou em um momento da reunião ministerial de 5 de julho de 2022 quando ordenou que seus ministros repetissem mentiras e acusações infundadas sobre o sistema eletrônico de votação.
O presidente falava sobre a necessidade de tomar providências com celeridade, referindo-se ao pleito de 2022. Afirmou ainda que não seria necessário o emprego de forças para a execução dessas providências.
Em um intervalo de apenas 35 segundos, falou cinco palavrões a ministros e assessores mais próximos.
"Quem quiser ir embora, vai, fica à vontade. Há diferença entre uma mulher levar porrada e se fuder e um homem. Há uma diferença enorme. Vocês ficam mole, muito mais de uma mulher [inaudível], se arrastar para dentro do camburão, puta que o pariu", disse Bolsonaro.
Ele continua, após um trecho inaudível: "Nós vamos esperar chegar 23, 24 para se fuder e vai se perguntar 'por que eu não tomei providência lá atrás', e não é providência de força não, caralho. Não é dar tiro, ô, Paulo Sérgio, colocar tropa na rua, tocar fogo, aê, metralhar, não é isso, porra".
A reunião ministerial gravada integra investigação da Polícia Federal sobre atos golpistas. Nela, o ex-presidente ordenou que seus auxiliares repetissem falas, sem provas, sobre fraude nas urnas eletrônicas.
No encontro, Bolsonaro fez diversos ataques a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e repetiu argumentos falsos sobre o sistema eleitoral.
"Se apresentar onde estou errado, eu topo. Agora, se não tiver argumentos para me demover do que vou mostrar, não vou querer papo com esse ministro. Se está achando que eu vou ter 70% dos votos e vou ganhar como ganhei em 2018 e vou provar [inaudível], está no lugar errado", disse Bolsonaro.
Na sequência, o então presidente anunciou que iria promover uma reunião sobre as eleições com embaixadores. "Os caras estão preparando tudo para o Lula ganhar no primeiro turno, na fraude. Vou mostrar como e o porquê", afirmou Bolsonaro sobre o encontro que seria feito em julho.
Bolsonaro já foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e é alvo de diferentes outras investigações no STF (Supremo Tribunal Federal). Ele está inelegível até 2030. Uma das condenações no TSE ocorreu justamente pela fala nessa reunião com embaixadores.
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