SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou nesta quinta-feira (15) que não enxerga responsabilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu aliado, nas investigações da Polícia Federal que apontam indícios de uma tentativa de golpe preparada para manter o ex-presidente no poder e impedir a posse de Lula (PT).
"Não consigo ver, e não é opinião minha, tem muitos juristas divididos, nada que traga uma responsabilização para ele. Acho que o pessoal está criando muita coisa. Com o tempo tudo vai ser esclarecido", disse.
Ex-ministro de Bolsonaro, Tarcísio afirmou que sempre esteve e sempre estará ao seu lado. "Lealdade e gratidão não vão embora nunca. Vou estar ao lado do Bolsonaro seja no momento que for. Nos momentos bons, nos momentos difíceis."
Um dia antes, o governador já havia dito que irá à manifestação a favor do ex-presidente marcada para o dia 25, um domingo, na avenida Paulista.
"É uma manifestação pacífica a favor do [ex-] presidente, e estarei ao lado dele, como sempre estive", afirmou o governador bolsonarista à CNN Brasil.
Eleito com apoio do ex-presidente, de quem foi ministro, Tarcísio cultiva uma relação de atritos e aproximações com a base bolsonarista.
Assim como o prefeito Ricardo Nunes (MDB), ele é frequentemente cobrado a se posicionar publicamente em defesa do ex-presidente pelos aliados mais próximos de Bolsonaro.
Mais recentemente, o governador tem sido pressionado por bolsonaristas por interação amistosa com o presidente Lula (PT) durante evento em Santos (SP) e por não ter se manifestado publicamente em defesa de Bolsonaro após a operação da Polícia Federal que mirou articulações golpistas no governo do ex-presidente.
Enquanto ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, Tarcísio endossou a postura negacionista do então presidente. O agora governador estava ao lado de Bolsonaro na live em que o ex-presidente ri ao comentar um suposto aumento de suicídios na pandemia.
No último final de semana, Bolsonaro gravou vídeo no qual chama apoiadores para o ato na Paulista. A mensagem começou a ser espalhada por aliados no domingo (12), em meio às investigações da PF.
No vídeo, Bolsonaro pede aos apoiadores que não levem faixas e cartazes contra ninguém e fala em ato de apoio ao que chama de "estado democrático de direito". "Nesse evento eu quero me defender de todas as acusações que têm sido imputadas à minha pessoa nos últimos meses", afirmou.
Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, o ex-presidente poderá pegar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos.
Bolsonaro ainda não foi indiciado por esses delitos, mas as suspeitas sobre esses crimes levaram a Polícia Federal a deflagrar operação que mirou seus aliados na última quinta-feira (8).
O ex-presidente já foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e é alvo de diferentes outras investigações no STF (Supremo Tribunal Federal). Neste momento, ele, que tem 68 anos, está inelegível ao menos até 2030.
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