SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), que devem formar chapa para concorrer à Prefeitura de São Paulo, fizeram atividades em Parelheiros (zona sul) nesta quinta-feira (22) que incluíram provocações ao prefeito Ricardo Nunes (MDB).

A região, onde Marta conserva apoio, recebeu a primeira agenda conjunta deles na pré-campanha. A petista rompeu com a gestão Nunes, da qual era secretária, para voltar à antiga sigla e ocupar a vice de Boulos. A aliança do emedebista com Jair Bolsonaro (PL), usada por ela como justificativa para o desembarque, foi criticada por Boulos, que chamou Nunes de "tchutchuca" do ex-presidente.

Boulos atacou em discurso para apoiadores na região a presença anunciada de Nunes na manifestação convocada por Bolsonaro para o próximo domingo (25) na avenida Paulista. O ex-presidente chamou o ato afirmando que se defenderá das investigações que o ligam à tentativa de um golpe de Estado no país.

"Esse prefeito se comporta como tchutchuca do Bolsonaro, não como prefeito", disse o psolista.

Ele não mencionou o nome de Nunes em nenhum momento da fala, referindo-se ao adversário como "cidadão que está sentado na cadeira da Prefeitura de São Paulo", "prefeito fantasma" e membro do "time do inelegível".

Marta, que falou à militância por pouco mais de 3 minutos, evitou alusões ao antigo aliado e buscou destacar legados de sua administração (2001-2004) para Parelheiros.

Ela pediu engajamento dos apoiadores na propaganda boca a boca e fez um alerta, ao afirmar que "a campanha não vai ser um passeio, nenhuma campanha é passeio".

"Agora, o coração dessa campanha, a vitória dessa campanha, não tá lá [longe] não, tá aqui em Parelheiros, na gente que sabe quais são as prioridades que essa cidade precisa", disse.

O roteiro da dupla incluiu uma visita à terra indígena Tenondé Porã, caminhada pelo comércio local e o plantio de uma muda de árvore, da espécie cambuci. Os dois também tiveram encontro com moradores, no primeiro ato público desde que a chapa foi confirmada, no último dia 2, com a refiliação de Marta ao PT.

O dia da dupla começou na terra indígena, onde Marta e Boulos passaram por um centro de educação inaugurado por ela quando era prefeita. Eles foram recebidos por líderes de uma das 14 aldeias do território e assistiram a uma apresentação de crianças que cantaram músicas na língua guarani.

Os representantes dos indígenas também entregaram uma carta de reivindicações que foi assinada pelo pré-candidato a prefeito e sua vice. Entre os pontos com os quais se comprometeram, estão a criação de um programa de compensação ambiental e a melhoria das vias de acesso à área.

A etapa seguinte do giro por Parelheiros foi uma caminhada numa rua comercial, onde Boulos e Marta cumpriram o roteiro típico de candidatos: tomaram cafezinho em uma padaria, cumprimentaram lojistas e posaram para fotos. A petista foi abraçada, distribuiu acenos e ouviu agradecimentos.

Num açougue, o funcionário encarregado de anunciar as ofertas ao microfone saudou a dupla e conclamou: "Vamos tirar esse Ricardo Nunes". A um morador que perguntou como Marta se sente na volta ao PT, ela respondeu que está bem. "É a minha raiz", disse ela.

A maior parte dos transeuntes assistiu à passagem da caravana em clima alheio ao de campanha. Apesar das bandeiras, como a do PC do B, um dos partidos da coligação, moradores demoraram a entender do que se tratava. "É o Lula?", indagou uma jovem.

Vários pré-candidatos a vereador do PSOL e PT acompanharam as atividades. A plenária que encerrou a programação do dia, em um auditório cheio, também contou com a participação de vereadores e deputados estaduais e federais, além de dirigentes de partidos da coligação.

O circuito fez parte das caravanas do Salve São Paulo, um movimento fabricado pela pré-campanha para levar Boulos a diferentes bairros e aproximá-lo de líderes comunitários e empresariais.

Reduto eleitoral de Marta, a região da zona sul ganhou o apelido de Martalândia. Como mostrou a Folha de S.Paulo, a petista pode ajudar Boulos a expandir sua votação sobretudo em Parelheiros e no Grajaú, também na zona sul, onde ela ou o candidato apoiado por ela se sobressaíram nas últimas eleições municipais.

Prefeita de São Paulo de 2001 a 2004, Marta retornou ao PT em ato no início deste mês para ser vice de Boulos em ato com a presença do presidente Lula (PT), que costurou a volta dela, plano noticiado pela Folha de S.Paulo em novembro. A ex-prefeita era secretária da gestão Nunes até dezembro e usou a aliança dele com Bolsonaro como justificativa para romper com o prefeito e se reintegrar ao antigo partido.


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