BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, suspendeu nesta semana os salários de Walter Braga Netto, ex-vice na chapa de Jair Bolsonaro, e Marcelo Câmara de cargos no partido, em meio às investigações da PF (Polícia Federal) sobre tentativa de golpe.
Braga Netto era, até então, secretário nacional de relações institucionais do PL, e Câmara, assessor. Os seus salários iam de R$ 20 mil a R$ 30 mil. Além disso, o partido também custeava um flat do general em Brasília.
De acordo com integrantes do partido, a decisão se deu após o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinar que os investigados não pudessem se comunicar.
Assim, Braga Netto não pode continuar atuando como secretário, sem falar com Bolsonaro ou Valdemar, por isso a decisão do dirigente.
Os três são alvos da operação que investigava tentativa de golpe de estado por Bolsonaro e seus aliados, após a derrota nas eleições de 2022 contra Lula (PT).
O general da reserva atua por meio de contrato com o PL. O seu contrato, e salário portanto, está suspenso. Apesar disso, ele continua filiado ao partido e quer, segundo aliados, continuar atuando na articulação de chapas para as eleições municipais. Em Brasília e no Rio, despachará das sedes estaduais do partido.
Ele não pode mais frequentar seu gabinete na sede nacional, porque ele era ao lado do de Bolsonaro. A sala que o partido aluga para eles fica ao lado de onde funciona o restante da estrutura da legenda e de onde despacha Valdemar. Foi feito um esquema de horários para organizar e garantir que o ex-presidente não encontre o dirigente.
Na quinta-feira, a PF colheu 23 depoimentos simultâneos nesta investigação. Dentre os ouvidos, estavam Braga Netto, Bolsonaro, Valdemar e Câmara.
O general da reserva se silenciou, assim como Bolsonaro e outros militares. Já Valdemar falou por cerca de três horas aos investigadores, respondendo a todas as perguntas.
O coronel da reserva Marcelo Câmara, por sua vez, acabou não depondo. Ele tem o mesmo advogado de Tércio Arnaud, outro investigado, e o depoimento deveria ter começado enquanto seus defensores ainda estavam auxiliando o outro investigado na oitiva.
Câmara ficou, portanto, sem advogados para o auxiliar no depoimento. A Polícia Federal considerou o caso como uma opção do militar pelo silêncio e diz que não o chamará para depor novamente. Sua defesa, contudo, diz que ele quer falar e pede uma nova data para depoimento.
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