BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), disse nesta quinta-feira (7) que foi uma grande "irresponsabilidade" do PL indicar para os deputados federais Caroline de Toni (PL-SC) e Nikolas Ferreira (PL-MG) para os comandos das comissões de Constituição e Justiça e de Educação da Câmara, respectivamente.

Gleisi ainda criticou o presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL) por não ter buscado uma mediação no processo. Por outro lado, afirmou que o governo não será prejudicado, argumentando que as pautas prioritárias não estão tramitando nas comissões da Câmara.

"Eu acho que foi uma irresponsabilidade do PL indicar pessoas desse nível, como um mal-educado para presidir a Comissão de Educação [Nikolas Ferreira]. Isso depõe contra a Câmara, depõe contra o PL, depõe contra as instituições. Só tenho a lamentar, não tem como intervir", afirmou a parlamentar, ao chegar para cerimônia no Palácio do Planalto.

Ela ainda acrescentou que Nikolas não tem capacidade de elaborar uma pauta de projetos para a comissão.

"Eu acho que o presidente da Casa deveria ter tentado fazer isso [intervir], mas a Câmara vai pagar um preço. Não somos nós, não. É a Câmara como instituição que vai pagar", completou.

Nesta quarta (6), a deputada federal bolsonarista Caroline de Toni foi eleita presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados, num revés para o governo Lula (PT). Foram 49 votos favoráveis e 9 brancos.

A CCJ é a principal comissão da Casa, uma vez que todos os projetos tramitam por ali. Em seu segundo mandato, Caroline é da ala mais bolsonarista do PL e ao longo de 2023 fez diversas intervenções contra o governo petista.

O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, também indicou o nome do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) para comandar a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Ele foi eleito com 22 votos favoráveis e 15 em branco ?e sob protestos de parlamentares da esquerda.

Nikolas é um dos nomes mais ativos da oposição ao governo Lula na Casa. Ele foi o deputado federal mais votado em todo o país nas eleições de 2022, com 1,49 milhão de votos.

Gleisi Hoffmann buscou minimizar eventual prejuízo para o governo do presidente Lula. Defendeu que as propostas prioritárias do governo estão tramitando na Casa em regime de urgência, o que significa que elas não tramitam pelas comissões temáticas e estão sendo votadas diretamente em plenário.

"Os projetos principais do governo não têm tramitado pelas comissões. Aliás, nenhum deles. É só vocês analisarem que as comissões estão esvaziadas. Todos os projetos principais estão em regime de urgência para plenário. Nem a CCJ tem cumprido o seu papel de fazer uma análise mais profunda de projetos. O que tem ficado nas comissões são projetos que interessam mais aos deputados", afirmou a presidente do PT.

Ela ainda voltou a criticar os parlamentares bolsonaristas que vão presidir as comissões, afirmando que eles apenas vão ficar "fazendo discurso, convocação [de autoridades], bagunça, que é o que eles sabem fazer".

"O governo vai seguir, não vai depender do presidente da comissão de educação, imagina, nem CCJ. Vai seguir a vida. O problema é que isso depõe contra casa, é isso que não se entendeu ali [na escolha], é ruim para a câmara. O parlamento já tem uma avaliação negativa na sociedade, uma avaliação baixa, aí coloca pessoas nesse nível, dessa qualidade, que não têm não preparo, não tem estatura", completou.

Reuters - Lula não tem de recuar, e Netanyahu não tem moral para apontar dedo a ninguém, diz Gleisi

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