BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro André Mendonça, do STF (Supremo Tribunal Federal), reagiu nesta quarta-feira (13) a declarações do decano da corte, Gilmar Mendes, de que haveria suspeitas de uma "narcomilícia evangélica" no Rio de Janeiro.

Gilmar disse na segunda-feira (11) à GloboNews que, em reunião sobre segurança pública no STF, na semana passada, um dos oradores disse que havia "uma narcomilícia evangélica, aparentemente no Rio de Janeiro, onde já se tem um acordo entre narcotraficantes e milicianos pertencentes ou integrados a uma rede evangélica".

"É algo muito sofisticado", afirmou o ministro.

Em resposta, André Mendonça publicou uma nota nas redes sociais na qual diz que os evangélicos são os maiores interessados na apuração dos fatos.

Mendonça é evangélico e sua religião foi apontada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como um dos motivos para que ele o indicasse à corte.

Na nota, Mendonça disse que conversou com Gilmar sobre o ocorrido e que o decano reafirmou seu respeito à comunidade evangélica e disse que não tinha nenhuma intenção de constranger seus membros.

Mendonça disse que, se o orador falou em "narcomilícia evangélica" ou em "rede evangélica" na reunião com o STF, a fala é "grave, discriminatória e preconceituosa, pois dirigida a uma comunidade religiosa em geral".

"Posso afirmar, com muita segurança, que se há uma rede evangélica nesse país, ela é composta por mais de 1/3 da população, a qual se dedica sistematicamente a prevenir a entrada ou retirar pessoas do mundo do crime, em especial aqueles relacionados ao tráfico e uso de drogas, que tanto sofrimento causam às famílias brasileiras", afirmou o ministro, em sua nota.

"Além disso, consigno que a atuação dos evangélicos (assim como a de outras representações religiosas) nas comunidades e nas periferias deste país reconhecidamente está vinculada a obras sociais, mitigando a ausência do Estado e lacunas históricas do poder público em temas relacionados à educação, cultura e saúde, dentre outros."

Mendonça afirmou, ainda, que "se pessoas que se dizem ou se fazem passar por evangélicas estão envolvidas nesse tipo de conduta criminosa", o segmento evangélico é "o maior interessado na apuração desses fatos".


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