BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Deputados federais cobraram punição a Chiquinho Brazão (União Brasil), preso no domingo (24) sob suspeita de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco, durante sessão solene em homenagem à vereadora e ao motorista Anderson Gomes na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (26).
"É tarefa deste Parlamento, de forma mais célere possível, ratificar a prisão de um deputado federal que tem nas costas a execução de uma mulher negra da favela eleita. É responsabilidade deste Parlamento, de maneira célere, cassar esse deputado", afirmou Talíria Petrone (PSOL-RJ), autora do requerimento da sessão solene.
Nesta terça, está prevista a análise do pedido de prisão de Brazão na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara. O relator da matéria, deputado Darci de Matos (PSD-SC), apresentou parecer favorável à manutenção da prisão.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) também citou em sua fala na sessão solene a figura de Brazão, afirmando que um dos "algozes" de Marielle é um integrante da Câmara. A deputada Reginete Bispo (PT-RS) disse que o parlamentar "ascendeu para esta Casa" quando a vereadora foi assassinada. "Enfrentamos cotidianamente aqui dentro, sobretudo pela bancada da bala, a tentativa de silenciar nossas vozes", afirmou.
Erika Hilton (PSOL-SP), pediu punição aos mandantes e disse que Brazão "andava livremente pelos corredores desta Casa, com a cabeça erguida pela certeza da impunidade".
A sessão solene em homenagem a Marielle e Anderson já estava prevista para ocorrer na manhã de terça, mas ganhou nova dimensão diante das prisões no domingo dos suspeitos de mandar assassinar a vereadora.
O evento ocorre anualmente desde o assassinato dos dois, a pedido da bancada do PSOL. Parlamentares do partido e do PT entraram no plenário da Casa nesta terça antes de começar a sessão acompanhados de um cortejo. Foram ditas palavras de ordem como "Marielle, presente" e "Anderson, presente".
Além de deputados de partidos da esquerda, como PSOL, PT, PSB e PC do B, participaram da homenagem o ministro Silvio Almeida (Direitos Humanos), a assessora Fernanda Chaves, que estava com Marielle quando ela foi assassinada, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), a presidente nacional do PSOL, Paula Coradi, e a secretária nacional de Acesso à Justiça do Ministério da Justiça, Sheila de Carvalho, entre outros.
Em sua fala, Almeida afirmou que os presos no domingo são "assassinos, facínoras e canalhas". Ele disse ainda que os supostos mandantes do crime subestimaram a força e capacidade de organização da sociedade. "Eles nos deram a oportunidade de discutir um novo projeto para o Estado brasileiro, um projeto de segurança pública levado a sério", disse
A viúva de Anderson, Agatha Arnaus, também discursou em vídeo.
"Foi preciso a gente mudar de presidente [da República] para que um crime desse porte recebesse o devido tratamento que ele merece. O estado do Rio de Janeiro falhou miseravelmente quando não evitou esse assassinato", disse Fernanda Chaves.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), exaltou o papel da Polícia Federal e do Ministério da Justiça. "Foi preciso mudar o governo federal para que a gente pudesse avançar nas investigações. Precisamos também, além das investigações sobre as pessoas que estão presas, uma investigação também para entender o que aconteceu durante esses governos."
"Por que durante o governo Bolsonaro não se avançaram nas investigações sobre a morte de Marielle e Anderson? Por que o governo do Rio de Janeiro não se deixou avançar também as investigações sobre o assassinato? Essas perguntas devem também ser para nossa referência", completou Gleisi.
A deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ) também afirmou que foi preciso a mudança do governo federal para ter um "caminho de esclarecimento" para o caso.
Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!