No mundo dos rodeios, existe uma figura fundamental para a segurança e o espetáculo: a madrinheira, ou seja, aquela que vai montado na madrinha da tropa, a fim de regular o passo dos animais. Essa profissão, antes dominada pelos homens, vem ganhando espaço entre as mulheres, que mostram talento, coragem e dedicação na arena. O papel dessa profissional é atuar como uma espécie de "anjo da guarda" dos peões durante as montarias em touros ou cavalos, que são atividades de alto risco.
Sua principal responsabilidade é garantir a segurança do peão após a montaria e, quando ele cai do animal após oito segundos (o tempo estabelecido para a montaria válida), a madrinheira entra em ação. Para contar mais sobre esse tema, o Portal do Acessa foi em busca de uma madrinheira chamada Marli Lopes, que há dois anos vive um de seus maiores sonhos desde quando era criança e se divide em uma rotina corrida para conciliar a sua paixão com a rotina diária.
Marli tem 29 anos e mora na cidade de Mercês/MG, onde também trabalha como fisioterapeuta. Para ela, ser madrinheira é um sonho desde quando era criança e já frequentava rodeios, onde se encantava pelas profissionais daquela época. Apesar de ser um sonho, ela acreditava ser impossível de se realizar tanto por suas condições financeiras, quanto pelas condições de sua família.
Com o passar dos anos, Marli encontrou novos sonhos, cresceu e saiu de sua cidade para estudar fisioterapia em Juiz de Fora durante a pandemia. Nessa trajetória, próximo de terminar a sua graduação, encontrou o curso de madrinheira e escolheu fazê-lo. Com o esse novo curso concluído, ela recebeu uma oportunidade na Companhia TJ e há dois anos exerce essa profissão, já tendo participado de aproximadamente 30 rodeios.
“Sou madrinheira há dois anos e essa é uma paixão que se intensificou ainda mais, pois na minha cidade tem uma companhia de rodeio no estilo cutiano a qual se destaca por onde passa. E por sempre acompanhar os rodeios feito pela companhia, acabou surgindo essa oportunidade pra mim e eu agarrei com as duas mãos”, conta.
Uma de suas memórias mais marcantes é a do seu primeiro rodeio: “Na minha estreia em Barbacena o nervosismo tomou conta, a arena estava lotada e lá já havia uma madrinheira profissional, porém o cavalo não deu uma condição legal pra ela no dia e não deu certo, ela precisou sair, trocar de animal e eu tive que entrar em ação sozinha. Na primeira volta o meu coração quase saiu pela boca, mas deu tudo certo”. Nesse momento, ela teve certeza que isso ia dar certo e conta que, apesar das dificuldades enfrentadas e do medo que sentiu nesse dia, tudo deu certo.
Desafios superados pela paixão
Ser madrinheira é uma tarefa arriscada, pois essa profissional entra em ação sempre que um peão de cavalos cutiano se enrosca na cela do animal ou vai ao chão sem conseguir levantar. Em sua jornada, Marli já enfrentou diversos percalços e acidentes por causa disso. Dentre eles, uma queda que resultou em uma fratura no cóccix e na vértebra L4 de sua coluna. Mesmo assim, para ela, a paixão pela profissão supera qualquer desafio.
“...quando se faz o que ama a gente nem vê o cansaço!”
Marli iniciou o curso de madrinheira quando já estava no último ano da faculdade. Atualmente, sua semana é dividida entre a fisioterapia e os rodeios, sendo de segunda à quinta-feira exercendo a função fisioterapeuta e de quinta-feira à domingo viajando para participar de rodeios. Quando questionada sobre como ela lida com o fato de não ter nem um dia de descanso, responde que encontra força e motivação para seguir em frente em Deus e no amor por suas profissões. “Todo o cansaço vale muito a pena, pois quando se faz o que ama a gente nem vê o cansaço!”
Apesar de atuar em um ambiente predominantemente masculino, Marli conta que nunca encontrou resistência para se firmar como madrinheira. Sua função, essencial para a segurança dos peões a cavalo, é valorizada por todos. Ainda de acordo com ela, a participação feminina no meio dos rodeios tem crescido significativamente, e enxerga um aumento notável de mulheres desempenhando papéis importantes nesse universo.
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