O surto de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP), a H5N1, vem avançando no mundo e já chega a 120 focos confirmados no Brasil até a primeira semana de outubro, sendo 117 animais silvestres e 03 aves de subsistência. Dias antes desse levantamento, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) confirmou o primeiro foco da doença registrado em mamíferos marinhos no país: um leão-marinho-da-patagônia encontrado no litoral do Rio Grande do Sul.
O primeiro caso da doença no Brasil foi detectado em maio deste ano, em aves silvestres migratórias, motivando o MAPA a declarar Emergência Zoossanitária em todo território nacional. Para frear a disseminação e evitar o risco de transmissão do vírus para as pessoas, o órgão adotou medidas como a suspensão da realização de exposições, torneios, feiras ou qualquer evento com aglomeração de aves. A alta nos focos também fez com que o Governo do Estado do Rio de Janeiro decretasse, em agosto, estado de emergência zoossanitária por 180 dias devido a detecção, em nove municípios, de 16 casos em aves silvestres migratórias.
Sobre isso, o professor do curso de Medicina Veterinária da Estácio, Raphael Castro, explica que a Influenza Aviária é uma doença altamente contagiosa de distribuição mundial que causa grandes prejuízos para as criações de aves comerciais em diversos países. Ela é causada pelo vírus da influenza tipo A que, além das aves, também acometem outras espécies de animais, como cães, gatos, ratos e cavalos: “Em seres humanos, já foi responsável por altas taxas de morte, sendo este um dos grandes motivos para constante vigilância por parte das autoridades sanitárias", informa ainda, destacando que o vírus possui elevada capacidade de mutação que permite a ele se adaptar e acometer muitas outras espécies. Foi por possuir esta característica que ele chegou aos seres humanos, registrando três casos desde 2022 até o momento.
O médico ainda observa que as aves silvestres migratórias e as costeiras são, geralmente, as primeiras a serem acometidas devido ao maior risco de contato com outras aves migratórias (ou animais marinhos) que estejam doentes ao chegar em um novo território. Estas aves atuam como hospedeiros naturais e reservatórios dos vírus, desempenhando um importante papel na manutenção e disseminação dos mesmos.
“Sabemos que estas aves podem se deslocar a grandes distâncias e entrar em contato com diversas outras em criadores comerciais ou domésticos, elevando o risco de adoecimento e morte, tanto de grandes plantéis quanto de aves isoladas. Isso, por sua vez, aumenta também o risco de adoecimento e morte das pessoas. Daí a importância das medidas e cuidados a serem adotados.”
Cuidados adotados por criadores de aves
Raphael aponta os cuidados que devem ser adotados por criadores comerciais ou de subsistência:
“É importante ficar atento para mortes ou adoecimento repentino em aves de seu plantel. Deve-se evitar contato com aves caídas, mortas ou moribundas, sejam elas domésticas ou silvestres/exóticas. As aves manifestam sinais clínicos neurológicos ou respiratórios, como tremores na cabeça e no corpo; incoordenação motora; perda de equilíbrio; andar em círculo e de costas; letargia; dificuldade respiratória; respiração ofegante (pela boca); coriza nasal; espirros; penas arrepiadas; arrastar das pernas; asas caídas; torção da cabeça e pescoço; olhos fechados; lacrimejamento excessivo; excrementos aquosos descoloridos. Em casos de suspeita, o melhor é procurar a Vigilância Ambiental, através da Secretaria de Saúde, ou entrar em contato com a Secretaria de Agricultura do seu município”, finaliza.
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