JF j? realiza procedimento in?dito gratuitamente Nova t?cnica de radiocirurgia utiliza servi?o de ponta para combate a malforma?es Art?rio-Venosas e pode ser feita pelo SUS

Marinella Souza
*Colabora??o
16/06/2008

H? tr?s meses, a balconista Rejane Formigon de Paula (foto abaixo), 30 anos, sentiu uma dor de cabe?a e na nuca muito fortes e foi ao hospital em sua cidade, Santos Dumont. L?, foi medicada e liberada.

"Era s?bado de aleluia e eu fiquei muito nervosa. Na segunda-feira vim para Juiz de Fora para fazer exames e ficou constatado um princ?pio de derrame", recorda. Seu maior medo era ter que abrir a cabe?a, mas a t?cnica sueca, Radiocirurgia Esteriot?xica, a deixou mais tranq?ila.

O radioncologista Olamir Rossini Jr. (foto abaixo) explica que a t?cnica ? utilizada em alguns casos de m?-forma??o art?rio-venosa (MAV) e ? um procedimento pouco invasivo e que permite grande precis?o.

"Um quadro esterit?xico ? colocado na cabe?a do paciente e fixado a um computador que colhe as imagens do c?rebro. As imagens da resson?ncia, da tomografia e da angiografia s?o fundidas dando a real no??o da les?o. Al?m disso, oferece c?lculos de onde exatamente est? o ponto a ser tratado e como as doses devem ser administradas para que fique restrita a esse ponto", explica.

Foto de Olamir Rossini Jr. Rossini comenta que, normalmente, o volume a ser tratado ? muito pequeno, variando entre um e dois cent?metros c?bicos e a nova t?cnica permite que somente esse volume seja atingido pela radia??o, ao contr?rio do que acontece em outros tipos de tratamento. "Dessa forma protegemos todos os tecidos em volta do c?rebro, permitindo que se use uma dose muito alta no meio".

No caso de Rejane, a radiocirurgia era o tratamento mais indicado porque os vasos poderiam se romper a qualquer momento, levando-a a um acidente vascular cerebral (AVC) e a cirurgia seria muito arriscada. Segundo o m?dico, a mo?a poderia ficar tetrapl?gica ou mesmo n?o resistir ao procedimento mais invasivo.

A mo?a conta que, apesar do susto, o tratamento foi tranquilo. Uma semana depois de fazer a radiocirurgia, ela j? estava de volta ao trabalho. As ?nicas restri?es s?o quanto aos exerc?cios f?sicos e pegar peso, fora isso, os m?dicos lhe recomendaram vida normal, mas ela admite que ainda n?o est? se sentindo totalmente bem.

Foto de Rejane Formigon "Eu passei um susto muito grande, cheguei a perder o movimento e estou com o psicol?gico muito abalado. Tenho chorado muito, mas ? s?", diz. Al?m disso, Rejane relata algumas dores no corpo, mas os m?dicos garantem que elas n?o t?m rela??o com a cirurgia. "A Rejane ? uma paciente muito nervosa, essas dores est?o mais relacionadas ao salto dela que ? muito alto e ao psicol?gico do que com o tratamento em si".

O que ? MAV?

Segundo o neurocirurgi?o Amaury Bara (foto abaixo), a m?-forma??o arterio-vascular ? uma m?-forma??o cong?nita dos vasos cerebrais que se manifesta ao longo dos anos. Trata-se de uma doen?a silenciosa, na maioria das vezes, e que s? ? diagnosticada atrav?s da investiga??o cl?nica de quadros de dor de cabe?a ou crises convulsivas.

foto de Amauri Bara "As formas de manifesta??o da doen?a s?o as dores de cabe?a muito fortes, as crises convulsivas e os derrames. Mas nem toda dor de cabe?a forte ou crise convulsiva ? um sintoma de MAV. ? preciso que o m?dico fa?a exames e avalia?es para diagnosticar".

O neurocirurgi?o relata que n?o h? como previnir a doen?a e n?o h? relatos de que seja gen?tica. "Existem casos de uma fam?lia inteira com MAV, mas n?o h? comprova??o cient?fica de que esteja relacionada aos genes porque, da mesma maneira, existem fam?lias em que apenas um membro manifesta a doen?a". Embora n?o haja preven??o, Bara destaca que fatores como cigarro e bebida contribuem para a piora do quadro cl?nico do paciente.

Bara ressalta que existem tr?s linhas de tratamento. "Pode-se fazer uma cirurgia, puramente ou associ?-la a neuroradiologia intervencionista, que tamb?m pode ser usada de forma isolada. A radiocirurgia ? utilizada nos casos em que os outros tratamentos n?o s?o poss?veis".

foto de Rejane e os m?dicos Amauri Bara e Olamir Rossini Jr. No caso de Rejane, a indica??o para a radiocirurgia se deveu ao fato de que a m?-forma??o era grande e o risco de afetar a fala e a locomo??o eram ainda maiores. Segundo Rossini, se a m?-forma??o n?o se fechar entre tr?s e 12 meses, Rejane pode fazer a radiocirurgia novamente. "Varia entre 40 e 90% de chance de se fechar a MAV".

Os m?dicos explicam que, estatisticamente, Rejane tem 75% de probabilidade de apresentar novo sangramento. Com a radiocirurgia, essa estat?stica ? reduzida para 30%. A radiocirurgia ? coberta pelo Sistema ?nico de Sa?de (SUS).

*Marinella Souza ? estudante de Comunica??o Social na UFJF