Ambulante inova e instala wi-fi em barraca de caldo de cana em JF

Além da internet, Jeferson conseguiu registrar marca e receita de bebida que é sucesso na região e planeja expandir produto para todo Brasil

Lucas Soares
Repórter
22/03/2014

Os moradores do bairro Mariano Procópio certamente conhecem Jeferson Pereira, 42 (foto ao lado), um animado comerciante que trabalha na Praça Agassis há mais de 15 anos. Diariamente, de 9h30 até o pôr do sol, o futuro Quiosque Fusão, ou Barraca do Jeferson, como hoje ainda é chamada, chega e se instala na esquina da praça com a rua Dom Pedro II. E ali já começam as vendas.

Em pouco mais de uma hora de conversa com o Portal ACESSA.com, entre um atendimento e outro, Jeferson foi cumprimentado por, ao menos, 20 clientes. A simpatia, segundo ele, é o que faz a diferença no seu ramo. "Caldo de cana e água de coco é fácil de se encontrar. Aqui, eu faço questão de trabalhar valorizando meus clientes, meu ajudante... Faço questão de fazer amizades aqui na rua, todo mundo me conhece. Conheço essas pessoas há 15 anos, vi muita gente crescendo, se casando, tendo filhos e trazendo essas crianças para serem meus clientes", comemora.

A tendência a expandir o negócio existe. Principalmente após uma conquista recente, há cerca de dois meses. "Sempre tive vontade de inventar uma mistura para o caldo de cana que não fosse essas tradicionais, com limão e abacaxi. Mas eu queria algo para misturar externamente da máquina, pois tem clientes que não gostam de misturas, preferem puros. Acontecia de clientes chegarem e falarem que não haviam pedido para ter o caldo misturado, e o gosto ficava na máquina. Então, há uns oito anos, aconteceu uma coisa: eu tenho muitos clientes que são ciclistas. Eles vinham aqui, pediam uma água de coco e depois um caldo de cana. Um dia eu resolvi experimentar os dois, juntos, e achei fantástico. Uma semana após, eu passei essa inovação e eles adoraram. Com essa mistura você reduz 50% do açúcar, ficou muito mais refrescante do que quando se toma os dois isoladamente, o caldo de cana fica mais leve e a água de coco ganha mais sabor", afirma Jeferson. A bebida foi batizada de Fusão, registrada e patenteada para comercialização em todo o país em janeiro de 2014.

Outra inovação que Jeferson trouxe para sua barraca foi a instalação de internet wi-fi. Uma medida inédita entre vendedores de rua, segundo ele. "As pessoas estranham muito quando veem a placa. Afinal, numa barraca de caldo de cana? Normalmente esse tipo de serviço se encontra em bares e restaurantes mais sofisticados. E eu sou um cara hi-tech, gosto de tecnologia. Frequentava vários locais e sentia falta de internet enquanto esperava a comida. Decidi, então, que iria colocar no meu próprio estabelecimento. Tem um ditado que gosto muito: "Quem engorda o boi, é o dono da boiada". Então, após ir em várias empresas, e sofrer várias negativas, por não ter endereço fixo comercial registrado e não ter onde receber as faturas, consegui que o serviço fosse instalado com a conta chegando na casa de uma vizinha", explica o comerciante.

Vendas

Desde que a internet foi instalada, o movimento aumentou. "Tive um cliente que chegou para comprar um caldo de cana. Enquanto ele esperava, viu que tinha wi-fi e pediu a senha. Acabou consumindo outros três itens. Também teve uma jovem que chegou aqui com o namorado, que já era meu cliente, e estranhou a placa, achou que fosse brincadeira. Depois que viu que não era, adorou!. Voltou outras vezes, sempre me tratando com a maior cordialidade possível", diz.

O investimento de menos de R$ 40 por mês, segundo Jeferson, compensa muito. "Gosto sempre de estar conectado, saber o que está acontecendo. Então, acaba que é uma coisa para meu uso pessoal. A câmera que fica instalada aqui me dá a segurança de ver, onde eu estiver com o meu celular, o que está acontecendo na barraca. É muito legal o que a tecnologia proporciona."

Planos

Com tanto tempo em um mesmo local, Jeferson faz planos para o futuro. Mas nada que envolva deixar a barraca. "Amo o que eu faço, amo meu trabalho. Não trocaria isso aqui por qualquer coisa. É uma coisa minha, onde eu posso vir trabalhar de camiseta, bermuda e chinelo. É aqui que eu ganho meu sustento e tudo o que eu tenho hoje", explica. Por isso, o máximo que Jeferson quer é atravessar a rua. "Quero construir um quiosque de alvenaria, como nas praias. Já consigo visualizar ele todo montado na minha cabeça, e já planejo colocar isso para frente ainda esse ano", sonha.

Outra vontade de Jeferson é expandir a marca, e a bebida, Fusão para todo o país. "Hoje eu não tenho condição financeira para montar uma fábrica, mas quero buscar soluções. Meu sonho é ver essa ideia que eu tive espalhada em supermercados e padarias do país inteiro", conclui.

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