Veterinária explica que macaco não transmite febre amarela
Bom amiguinhos, hoje meu artigo será um pouco diferente. Costumo dar orientações e dicas para seus cães e gatos, mas diante de tanta polêmica em meio ao surto de febre amarela silvestre, vou tirar algumas dúvidas comuns. Os macacos transmitirem febre amarela? Cães e gatos podem pegar a doença? Existe formas de prevenção?
Então vamos lá...
Falaremos um pouco de tudo aqui.
A febre amarela é uma doença infecciosa viral aguda endêmica que atinge regiões da África e da América do Sul. O agente causador da febre amarela é um arbovírus pertencente a família Flaviviridae e ao gênero Flavivirus. O vírus, após inoculado pelo mosquito em um indivíduo susceptível, dissemina-se pelo organismo, determinando as lesões fisiopatológicas da febre amarela que podem ser encontradas no fígado, rins, coração, baço e linfonodos, sendo o fígado o órgão mais afetado.
A febre amarela não possui tratamento específico, portanto, faz-se necessário o tratamento de suporte, com o uso de sintomáticos, como analgésicos e antitérmicos. A sua profilaxia é baseada no controle dos vetores e, principalmente, na vacinação, que confere imunidade por pelo menos 10 anos.
Os reservatórios das formas urbana e silvestre são os mosquitos, principalmente dos gêneros Aedes, Haemagogus e Sabethes. Entretanto, na doença urbana o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e na forma silvestre, os primatas são os principais hospedeiros.
A maior parte do território brasileiro é considerada região endêmica ou área de risco para febre amarela. Excetuam-se as regiões litorâneas de variada extensão. A vacinação está indicada para indivíduos que residem ou se deslocam para essas áreas denominadas 'Áreas com Recomendação de Vacinações'. A delimitação dessas áreas é dinâmica e se dá de acordo com a vigilância de epizootias em macacos. Encontrar esses animais mortos pelo vírus da febre amarela, revela a presença do vírus na região e funciona como evento sentinela para a possível ocorrência de casos em humanos, desencadeando ações de imunização nesses locais.
Recentemente vêm ocorrendo vários casos de epizootias na Região Sudeste do país, principalmente na região leste do Estado de Minas Gerais, interior do Estado de São Paulo e Zona da Mata do Espírito Santo, bem como casos de febre amarela silvestre em humanos, em regiões rurais e de matas, sem a adequada vacinação. Medidas de combate ao vetor e de proteção individual (repelentes, telas, roupas compridas, etc.) são preconizadas para a prevenção da febre amarela e de outras arboviroses como dengue, zika e chikungunya, porém, dispomos, para febre amarela, de imunização segura e eficaz.
Mas precisamos entender que a questão da melhoria do saneamento e do crescimento urbano desorganizado é fundamental e urgente para o controle de todas estas arboviroses, e embora de difícil execução, não tem recebido a atenção que merece.
Nas Américas há dois ciclos distintos:
1) Silvestre: primatas não humanos, especialmente macacos, são os principais reservatórios do vírus e são infectados pela picada de mosquitos dos gêneros Sabethes e Haemagogus. O ser humano é considerado hospedeiro eventual neste ciclo e adquire a doença se expondo em regiões de matas, sem imunização prévia.
2) Urbano: participa deste ciclo, como vetor, o Aedes, que além da dengue, zika e chikungunya é capaz de transmitir, com menor competência, o vírus da febre amarela de um ser humano para outro. Este ciclo já não ocorre no Brasil desde 1942. Sua letalidade pode chegar a 50% nas formas graves da enfermidade. Não há tratamento específico para o vírus e a vacinação é a forma eficaz de prevenção da doença. - (Dados retirados SBP - Documento científico do Depertamento científico de imunizações e Vol.8,n.3,pp.61-65 (Set - Nov 2014) Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research).
Portanto o macaco é tão vítima quanto nós. Quem transmite o vírus são os mosquitos já citados acima e cães e gatos não desenvolvem a doença.
Espero que tenha tirado as dúvidas de vocês!
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