Mesmo debaixo de muita chuva, Bloco do Demlurb faz sua estr?ia no carnaval de Juiz de Fora, cantando enredo que valoriza o lixo
Rep?rter: Fernanda Leonel
Edi??o: Ludmila Gusman
Designer: L?via Mattos
As roupas da baianas ficaram mais pesadas, as roupas brancas viraram tranparentes, a porta bandeira precisou de ajuda porque a roupa ficou mais pesada, os empurradores de carros aleg?ricos tiveram que dobrar o esfor?o muscular. O motivo? Uma chuva muito forte que caiu durante 80% do desfile do Bloco do Demlurb, que fazia sua estr?ia no carnaval de Juiz de Fora
Uma chuva que pode ter assustado quem assistia ou "cobria" o evento. Mas que de uma maneira bonita de se ver, deu ainda mais for?a aos novos componentes do bloco do servi?o de limpeza urbana da cidade.
A chuva caiu de repente. E em menos de um minuto ganhou muita for?a. Na mesma agilidade, o coro de vozes de quem desfilava e conhecia o samba enredo de cor dobrou de volume, misturando com as palmas de quem, ao assistir, admirava a garra dos garis.
Se a id?ia que eles queriam passar com a comiss?o de frente formada por varredores de uniforme, era a de limpeza, ela foi cumprida ao p? da letra: depois da chuva forte, n?o sobrou nem copo, nem confete, nem serpentina no ch?o da passarela do samba.
A po?tica do lixo
Desfile simples, mas bonito. Muita gente que estava nos camarotes chegou a
apostar que o bloco estreante do Demlurb vai virar escola de samba no
carnaval de 2007. Essa previs?o tamb?m foi feita pelo prefeito Alberto
Bejani, na coletiva na qual ele passou os detalhes da folia de 2006 aos
jornalistas. Se eles est?o certos ainda n?o se sabe, mas pelo menos
tecnicamente falta pouco: um carro aleg?rico apenas, j? que o bloco da
limpeza urbana juizforana j? apresentou dois, diferentemente dos outros que passaram na avenida.
Muitos materiais utilizados nas fantasias eram recicl?veis recolhidos pelos funcion?rios do Demlurb durante suas atividades di?rias. Latas de refrigerantes, garrafas pet, copos descart?veis. Tudo virou luxo na avenida.
O ?ltimo carro a desfilar, foi praticamente todo confeccionado com os materiais encontrados em lixo dom?stico. Uma maneira inteligente de transformar a falta de recursos em beleza barata, que, se n?o olhada de perto, em detalhes, pode muito bem ser confundida com adere?os encontrados em lojas do ramo.
At? o destaque do ?ltimo carro (foto abaixo e ao centro), n?o se rendeu ?s tradicionais penas ou panos luminosos encontrados na maioria das vezes em carnavais. Toda a roupa, longa e de manga comprida, foi confeccionada com palitinhos de picol?.
Algumas fantasias tamb?m traziam detalhes interessantes. Uma delas ganhou um um chap?u feito de garrafas pet. As garrafas, cheias de isopores vindos da coleta do Demlurb, formavam um carrinhos coloridos. A bateria tamb?m brincou com o "m?nimo percept?vel": ratinhos de borracha, em torno de um peda?o de p?o velho, compunham a camisa dos mais de 70 integrantes.
O que n?o era de material reciclado, fazia refer?ncia ? ele. Tudo pra cumprir a risca o samba enredo "Nosso lixo ? luxo", feito para chamar a aten??o do p?blico ? import?ncia do reaproveitamento de materiais para redu??o de impactos negativos no meio ambiente.
E com essa mistura de realidade e cria??o, o Bloco do Demlurb abriu os desfiles competitivos das escolas de samba do grupo 1A. Dessa vez, os conhecidos "laranjinhas" n?o sambaram enquanto limpavam a passarela para a pr?xima escola. O som da bateria estava mais perto e era destinado apenas para eles.
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