Eles n?o aparecem, mas fazem o brilho da festa ser ainda mais especial
Rep?rter: Fernanda Leonel
Edi??o: Ludmila Gusman
Designer: L?via Mattos
Eles n?o usam fantasia, n?o t?m roupa com brilho, n?o s?o personalidades conhecidas e muito menos ganham aplausos quando desfilam na avenida. Verdade seja dita: muita gente nem nota se e quando eles passaram pelo samb?dromo da Avenida Brasil.
Mas se ? verdade que eles n?o recebem o reconhecimento que deveriam, maior certeza ainda h? na afirma??o de que o show seria muito menos colorido, bonito e grandioso se eles n?o estivessem por l?: os empurradores de carros aleg?ricos, mestres de harmonia, coordenadores de alas e motoristas de caminh?o s?o pe?as fundamentais para o sucesso da festa que enche os olhos dos juizforanos nessa ?poca do ano.
A op??o pelo lugar escondido ? variado. A ?nica coisa que n?o varia ? o orgulho da fun??o desenvolvida dentro da escola do cora??o. Mesmo n?o estando no centro das aten?es, eles sabem que cumprem o seu papel, e que sem eles, tudo ficaria mais dif?cil.
Dif?cil porque em um desfile competitivo como ? o das escolas de samba de Juiz de Fora, tudo conta ou tira ponto. Atrasar ou adiantar durante o percurso, deixar "buracos" na avenida durante a execu??o, encalhar os carros. Tudo pode ser motivo para atrapalhar o trabalho desenvolvido durante o ano todo na quadra da escola.
Para acalmar os ?nimos ent?o, de quem ao ritmo da m?sica e vestidos para a folia cai na avenida nas noites de carnaval, nada melhor que a figura do pessoal do apoio. Pessoas que n?o se importam com as luzes ou com o alto dos carros, mas nem por isso deixam que espalhar samba e muito sorriso na avenida
Basta observar para ter certeza! Esse pessoal "do canto" sabe de cor o samba enredo da escola e n?o economiza a garganta na hora de fazer barulho. Meio t?midos, ou querendo esconder o samba no p? que escapole algumas vezes, l? v?o nossos artistas desconhecidos. Atr?s, de lado ou debaixo de todo luxo e colorido das escolas de samba.
Prazer em ser desconhecido!
Cl?udio Aparecido Marques (foto), n?o confirma o que diz seu sobrenome. Ele
adora ficar escondido e acredita que ? s? no apoio que ele pode ajudar a sua
escola do cora??o, Partido Alto. H? seis anos trabalhando como empurrador de
carros aleg?ricos, ele afirma que apesar de muito cansativo, ? um trabalho
que ele espera nunca deixar de executar.
No dia que a Partido Alto se apresentou, por exemplo, ele chegou ao samb?dromo ?s 11h para deixar o carro que ? se sua responsabilidade. Por al? almo?ou, tomou caf? da tarde e jantou, porque o desfile s? ia come?ar ?s 20h.
"A gente tem que trazer o carro mais cedo pra poder contar com os imprevistos do meio do caminho. O carro pode quebrar, amassar ou rasgar no percurso e tem que se ter tempo de sobra pra poder consertar o imprevisto. A?, depois que chegamos com ele aqui, tem que vigiar, n?? Porque os carros s?o bonitos e todo mundo quer por a m?o", explica o empurrador, deixando claro o seu amor e preocupa??o com os resultados finais da escola.
Ele e em m?dia mais 800 pessoas trabalharam empurrando as alegorias das escolas do grupo 1B somente no domingo de carnaval. Sem a ajuda desses homens fortes, grande parte da grandeza do desfiles ficaria perdida, porque s?o nos carros que os carnavalescos sempre capricham nas suas express?es.
Principalmente quando falamos de escolas de samba em Juiz de Fora. Apesar de carros motorizados serem permitidos (mesmo que percentualemente) pelos regulamentos que regem as competi?es desfiles, eles s?o os que demandam mais investimento das escolas. E dinheiro n?o tem sido uma palavra de ordem para as escolas de samba da cidade.
Os poucos carros com motor, tamb?m t?m suas estrelas. Gente que devagar e com responsabilidade, entra pela avenida para carregar muita "mulata de salto" ou "mulato requebrando", que n?o pode fazer cara de medo, e muito menos cair durante os 60 minutos de desfile.
Daniel Warley (foto) faz parte desse time de motoristas. H? cinco anos no comando de carros motorizados da escola Vale do Paraibuna, ele diz que ? preciso ter muita responsabilidade para desenvolver a fun??o. "Se o carro aleg?rio desligar, a escola perde muito ponto, e pra arracanr depois, certamente as pessoas v?o desequilibar".
Daniel comenta que n?o se importa com o fato das pessoas n?o reconhecerem seu trabalho, porque acredita que contribui com a escola. Deve ser verdade. No carnaval de 2006, ele vai dirigir um carro durante a apresenta??o da escola, no qual nenhum peda?o do bra?o, nem do rosto aparecem.
O carro aleg?rico foi enfeitado para que o motorista fique na parte de baixo, com o campo de vis?o delimitado a uma pequena "janelinha". Para Daniel entrar no carro, ele tem que entrar por uma portinha que fica a menos de 50 cm do ch?o. "Uma gin?stica", brinca.
Gin?stica mesmo ? o que Cleuza de Oliveira (foto) tem que fazer h? 12 anos no carnaval. Ela e mais 20 pessoas cuidam das alas da escola Rivais da Primavera, enquanto desfilam na avenida.
? ela uma das respons?veis pelo "tempo" da escola: se eles correm demais, se atrasam demais, se uma ala est? mais acelerada que a outra. Tamb?m ? de sua fun??o perceber "buracos" nas alas e se as pessoas est?o sorrindo, animadas, ou mesmo, mascando chicletes.
Muito trabalho, que precisa de muito compromisso e aten??o. Como ela mesmo classifica o of?cio, ? ele que d? o retoque final na beleza das escolas de samba. "O desfile tem que ser organizado pra ficar bonito, se n?o for, e com o monte de gente que tem, vira uma multid?o como outra qualquer", ressalta a coordenadora de ala.
Ainda bem que tem muita gente "desconhecida" pra dar jeito nessa "multid?o". Porque de conhecido, j? basta a beleza da grande festa que invade o samb?dromo nos pr?ximos dias.
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