Rep?rter: Fernando Rocha
Edi??o: Ludmila Gusman
Designer: L?via Mattos
Fotos: Arquivo Municipal/Di?rios Mercantil e da Tarde
"?gua n?o era s? de chuva e de enchente. Mais abundante era a dos entrudos", escreveu Pedro Nava em Ba? de Ossos sobre esta brincadeira muito comum na ?poca do carnaval. As pessoas jogavam ?gua suja com tinta, farinha, lim?o e outras sujeiras - o entrudo -, umas nas outras como forma de divertimento que, mesmo proibido em 1884, pois era tida como uma brincadeira violenta, continuou por muitos anos na paisagem carnavalesca de Juiz de Fora.
Ainda em 1884, Jair Lessa em seu livro "Juiz de Fora e seus pioneiros" escreve que um grupo de jovens endinheirados, "com casacas pretas, cartolas e gravatas vermelhas", montados em oito cavalos, correram as ruas da cidade chamando a popula??o a "comparecer em massa" aos festejos de carnaval.
Os Diabos Carnavalescos numa mistura de cr?tica social e deboche contribu?ram para que o carnaval daquele ano fosse "o mais espetacular que j? houvera", de acordo com o autor.
Avante, foli?es!
Deste, que ? um dos primeiros registros do carnaval da cidade, n?o parou
mais. E em fevereiro de 1912, o Di?rio Mercantil traz como not?cia: "os
rapazes do 'Grupo dos Escovados' est?o trabalhando heroicamente com o fim de
nos proporcionarem no carnaval estupefaciantes maravilhas. Avante, foli?es!"
A concentra??o da folia, no in?cio do s?culo passado, era nas ruas Halfeld, Imperatriz (hoje Marechal Deodoro), Batista de Oliveira, 15 de novembro - atual Get?lio Vargas, rua da Direita (Bar?o do Rio Branco), Pra?a Jo?o Penido, Pra?a da Esta??o e Largo do Riachuelo. Por este trajeto, passavam os foli?es da cidade que organizados em grupos ou n?o, faziam a festa.
Al?m da dupla Lambari e Noronha, que por anos foi a alegria do carnaval de rua da cidade; "(...) Blocos, Ranchos e Clubes desfilavam pelas ruas centrais, eram eles: o "Quem-Pode-Pode"; "Aventureiros"; "N?o venhas Assim"; Quem S?o Eles?; "Os Rouxin?is" e outros de menor express?o.
Os Clubes com s?tiras oportunas, n?o perdoavam os pol?ticos e administradores. Eram eles: 'Os Grafos'e 'Planetas'. O povo ao longo dos passeios aplaudia-os com del?rio", descreve Carlos da Rocha em Letras da Cidades.
Muitos desses grupos de carnaval, foram a comiss?o de frente para as Escolas de Samba que iriam surgir em Juiz de Fora anos mais tarde.
Escolas e Bailes
Com os anos brincar, carnaval foi deixando de ser algo sujo, e passou a
ganhar cores. O entrudo vai para a dispers?o, e entra na passarela outra
brincadeira: a batalha de confetes.
"Imposs?vel esquecer as batalhas de confetes da Rua Marechal Deodoro, da Rua Halfeld e de muitos bairros. As da Marechal, comandadas pelo foli?o Ant?nio Couri e as da Rua Halfeld, dirigidas por Cec?lio Sampaio Jos? de Lima e Dias, Adolfo Rodrigues e 'Z? do Pomba' (Jos? Adriano Neto)'", relembra o jornalista e historiador Dormevilly N?brega em "Tipos Inesquec?veis".
E no outro lado da sociedade da ?poca, nos anos 30, 40 e 50, imperava a eleg?ncia dos grandes bailes de carnaval. Freq?entados pela a elite da ?poca, que era muito diferente com a espontaneidade do que acontecia nas ruas.
Rachel Jardim, em "Os anos 40 - A fic??o e o real de uma ?poca", fala do seu "primeiro baile a rigor". "Eu estava t?mida no meu primeiro vestido comprido, de tulle branco. (...) O primeiro baile no clube era uma tradi??o, quase uma obriga??o".
Nesses bailes reuniam todo o luxo e o glamour de uma ?poca. As pessoas se juntavam na esquina da Rua Halfeld com Rio Branco, para verem as fantasias que alta sociedade da ?poca usava para pular carnaval em um clube que ali existia.
Enquanto a elite se reunia nos clubes, a popula??o se unia nas ruas para fundarem ?s primeiras Escola de Samba da cidade. E, de uma dessas uni?es, um bloco chamado "Feito de M? Vontade" fundou a Turunas do Riachuelo. Ministrinho, seus irm?os e amigos se juntaram para fundar a primeira Escola de Samba de Minas Gerais e a quarta do pa?s, isso em 1934.
Rio Branco
Com o surgimento das Escolas de Samba, o carnaval come?ou a ganhar ares de
disputa. Num primeiro momento, as Escolas desfilavam livremente, sem a
preocupa??o em competi??o. Elas saiam de seus redutos de origem e se
encontravam no centro para disputar a aten??o do p?blico.
Do Largo do Riachuelo sa?a a Turunas que num primeiro momento tinha as cores vermelho e branco, devido ao grande n?mero de torcedores do Tupi e do Baeta (Tupinanb?s). Mas, "para que a Escola n?o fosse prolongamento de um ou de outro, mudamos para uma cor neutra", fala Alfredo Toschi, um dos fundadores da Escola, em "Hist?ria Recente da M?sica Popular em Juiz de Fora".
J? a Avenida 7 de setembro juntava for?as para colocar a Feliz Lembran?a, segunda Escola de Samba da cidade, fundada em 1939, pelas ruas e avenidas de Juiz de Fora.
E com a crescente disputa entre as Escolas e o surgimento de outras, a prefeitura da cidade, atrav?s do Departamento Aut?nomo de Turismo (DAT) levou em 1966, o carnaval para a Rio Branco, nos moldes do que j? acontecia no Rio de Janeiro.
A partir da? cresce a disputa entre as Escolas de Samba da cidade e de campeonato em campeonato, a rivalidade tomou conta da Rio Branco. E com o aparecimento de outras Escolas, o carnaval de Juiz de Fora chegou a ser considerado o terceiro melhor carnaval de desfiles do pa?s, em 1979.
Mas antes mesmo da realiza??o do primeiro concurso oficial do carnaval de Juiz de Fora, no ano de 1966, a Avenida Rio Branco sempre foi passarela do samba. O ano de 1966, com o in?cio dos desfiles oficiais competitivos e a vit?ria da escola de samba Feliz Lembran?a, ? o marco de uma nova ?poca na hist?ria dos carnavais da cidade. A partir de ent?o, a Avenida Rio Branco, entre as ruas Floriano Peixoto e Esp?rito Santo, foi palco de apresenta?es de escolas de samba e blocos carnavalescos. Em 1967, Juiz de Fora n?o assistiu ao desfile oficial das escolas de samba porque a equipe do ent?o prefeito Itamar Franco assumiu o mandato e n?o teve tempo suficiente para organizar a festa. Mas, em 1968, a folia voltou ? avenida. Em 1979, a Rio Branco sediou os desfiles oficiais das escolas com o slogan Adeus Avenida, pois seria iniciada a reforma da Rio Branco, o que inviabilizaria a realiza??o do pr?ximo carnaval na avenida, com a pista em obras. Mas o cronograma da obra foi alterado e, ainda em 1980, as escolas se apresentaram na Rio Branco. Em 1981, o desfile das escolas de samba foi realizado na Avenida Francisco Bernardino. As agremia?es iniciaram suas apresenta?es a partir da rua Halfeld em dire??o ? Benjamin Constant. Em 1982, a Avenida Get?lio Vargas foi a passarela do samba, com as escolas desfilando a partir da rua Santa Rita, em dire??o ? rua S?o Sebasti?o. O retorno ? avenida aconteceu em 1983, no primeiro ano da primeira administra??o do prefeito Tarc?sio Delgado, que realizou o carnaval Na avenida de novo, o carnaval do povo (slogan do carnaval de 1983). A avenida voltou a sediar o desfile do samba, o que aconteceu at? o ?ltimo ano da primeira administra??o de Tarc?sio Delgado, em 1988. Em 1989, a nova administra??o transferiu o desfile das escolas - sa?ram apenas as agremia?es do segundo grupo - para a Avenida Rio Branco, no trecho entre a Avenida Brasil e a rua Marechal Setembrino de Carvalho. Em 1990, atrav?s de um plebiscito o povo escolheu que o desfile retornasse ? avenida Rio Branco entre as ruas Floriano Peixoto e Esp?rito Santo. Nos dois anos seguintes n?o foram realizados desfiles de escolas de samba. Em 1993, os desfiles foram na Rio Branco e em 1994 o carnaval da cidade foi transferido para o trecho entre a Avenida Brasil e a rua Marechal Setembrino de Carvalho. A partir de 1995, as escolas de samba estrearam nova passarela do samba: a margem direita da Avenida Brasil entre as ruas Benjamin Constant e Halfeld. Na nova pista do samba tamb?m foram realizados os desfiles de 1996, 1997 e 1998. E, em 2000 o Carnaval retorna novamente ? avenida at? 2005, quando o prefeito Alberto Bejani assume a administra??o Municipal e por falta de tempo para transferir os desfiles para outro local, permaneceu com o Carnaval na Rio Branco. Mas este ano, mais de dez anos depois a festa retorna ? Avenida Brasil.
Texto: Assessoria de Comunica??o da Funalfa, em 2003 (com atualiza?es) |
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