Ansioso com o início do semestre letivo na Faculdade de Direito da UFJF, o adolescente Caio Temponi, de 14 anos, concentra-se em um objetivo que cultiva há alguns anos: tornar-se um juiz. Natural de Três Rios (RJ), o estudante veio com os pais para Juiz de Fora, onde se destacou pela participação e desempenho em olimpíadas de conhecimento. Ele acumula medalhas nas principais olimpíadas de matemática do Brasil e do mundo. Entre elas, Olimpíada Mineira de de Matemática (OMM), Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), Olimpíada Paulista de Matemática (OPM), Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obemep), Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA), Olimpíada Internacional de Matemática (IMO),Concurso Canguru de Matemática e a Olimpíada Internacional de Matemática (Mayo).

Caio passou os últimos dois anos em Fortaleza (CE), onde aprofundou seus estudos e conquistou outras duas medalhas douradas na Obmep e na Mayo. Embora tenha participado das duas competições, dedicou seus esforços no estudo da Física e da Química, disciplinas que ele ainda não tinha tido contato. Além de focar na preparação para a prova de seleção do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), reconhecida como uma das provas de seleção mais difíceis do país. Nesse desafio, Caio alcançou mais um feito histórico: tornou-se a pessoa mais jovem a passar na prova. A notícia chegou para o garoto de maneira especial, por meio de uma ligação do reitor do ITA, o professor Anderson Correia. Ele já tinha sido selecionado para a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar) anteriormente.

“Realmente, a preparação para o ITA foi bastante puxada, precisa ter uma rotina de estudo diferenciada.Tive que estudar muitas horas por dia e me adaptar para conseguir a aprovação. Foi muito gratificante receber a notícia pelo reitor. Foi um dia de muita felicidade, na hora estava com meus pais e meus amigos, foi inesquecível”, narra o adolescente. “Hoje, quando assistimos o vídeo, volta aquela emoção. Foi muito legal. Conseguiram preparar tudo por conta da idade, por ele ser mais novo. Foi realmente algo muito diferente”, complementa a mãe de Caio, Laurismara Temponi.

Depois de atingir tantas marcas e feitos históricos, Caio agora se prepara para iniciar o ciclo universitário. Com a sede de conhecimento que tem e a disciplina e obstinação que cultiva, Caio antes mesmo de iniciar o curso, já busca conhecimento sobre as bases do Direito brasileiro. “Acredito que vou me identificar bastante com o curso. Minhas expectativas são as melhores, de que tudo vai dar certo e eu vou gostar bastante da faculdade.”

Ele antecipa, assim como já fez em outros momentos, algo que vai ajudá-lo a chegar mais longe, iniciando um curso preparatório para a prova de juiz. Ele compartilha que deseja atuar no Direito do Trabalho, com o anseio de tomar as decisões de maneira correta e imparcial, buscando em suas atribuições promover a conciliação e o entendimento entre as pessoas, por meio da aplicação adequada das leis.

“Viver é partir, voltar e repartir”

O trecho da música “É tudo pra ontem” de Emicida ajuda a ilustrar o caminho percorrido pelo garoto, que após alcançar o conhecimento que foi buscar mudando de estado, retorna com o objetivo de retribuir ao lugar em que começou sua trajetória de estudos e também dividindo o que aprendeu nessa jornada com as outras pessoas. Foi do garoto a iniciativa de voltar para Juiz de Fora, mesmo passando em alguns dos vestibulares mais concorridos do país. Ao todo, ele alcançou 14 aprovações em cursos como Medicina, Direito, Administração, Engenharia, entre outros.

“Pretendo continuar compartilhando conhecimento, gravando vídeos no meu tempo livre, ajudando as pessoas, tirando as dúvidas, resolvendo questões. Uma das minhas pretensões é dar aulas, ajudar as pessoas, eu realmente gosto disso. Esse é um objetivo que eu tenho”, relata Caio. “É muito normal ter uma dúvida, quando você está aprendendo uma matéria. Ocorrem muitas dúvidas, às vezes as pessoas se confundem com parte da matéria. Eu sempre tento ajudar todo mundo ao máximo. Eu já estive nessa posição, sei o quanto é difícil, agora tento mostrar o caminho das pedras, como eu estudei, o caminho que seja mais fácil aprender de maneira eficiente.”

Junto com o juiz Alexandre Piovesan, Caio lançará, em breve, uma plataforma com técnicas de estudo, voltadas para crianças e adolescentes.”Muitos não sabem como estudar, planejar suas atividades. Fomos para Goiânia, eles gravaram e o projeto deve ser lançado em breve”, comenta Laurismara.

O período pandêmico trouxe o foco como vantagem na avaliação de Caio. “Não conhecia o YouTube como plataforma de conhecimento, por exemplo. Consegui aprender bastante coisa e ficar mais em casa, para estudar com mais concentração, sem ter que gastar tempo com deslocamento”.

Além de continuar produzindo conteúdo para o canal Gabaritando com Caio no You Tube, o rapaz pretende continuar participando de olimpíadas de conhecimento, agora no nível universitário. Ele também busca pela oportunidade de fazer uma segunda graduação em Matemática, outro assunto pelo qual tem fascínio. Ele participava da seleção do Projeto Estudar Fora, que leva brasileiros para estudar no exterior, o que o impediria de se graduar em Juiz de Fora. Ele prefere estudar na UFJF e já garantiu uma bolsa de pós-graduação nos Estados Unidos, onde poderá complementar sua formação em Direito, com uma outra visão de Justiça.

Muito acima da média

Caio se sente preparado para ingressar no Ensino Superior, não só pelos estudos, mas também por sua formação pessoal. “Estou acostumado a estar em turmas com pessoas mais velhas que eu, acredito que essa convivência vá ser bastante normal”.


“Acredito que as pessoas vão acolher o Caio. Ele tem apenas 14 anos, mas tem muita maturidade, ele sabe se comportar, ele está aqui para estudar. Ele gosta de trocar com pessoas mais velhas”, conta Laurismara.Caio tem Altas Habilidades e é reconhecido pela International Legion of Intelligence (Intertel) - Sociedade Internacional para pessoas com alto QI, com um índice superior a 99% da população mundial.


Conhecimento como conexão e afeto

FOTO: Acessa.com/Renan Ribeiro - Família abraçou a sede de conhecimento de Caio e ajudou o jovem a construir trajetória repleta de conquistas

Desde muito cedo os pais de Caio entenderam que o filho precisava de um suporte para alimentar a necessidade de conhecimento que demonstrava. A dedicação, o afeto e o acompanhamento próximo de Laurismara Temponi e de Antônio Temponi foi fundamental para a criação de um laço forte na família. Antônio, que sempre foi entusiasta das Ciências Exatas, dividia com Caio o prazer de lidar com os números, cálculos e fórmulas desde os primeiros anos de vida.

“Ele sempre se dedicou muito e eu ajudei ele no que eu pude. Vendo ele iniciar a Faculdade de Direito, que sempre foi o sonho dele, eu não tenho nem palavras. Todo o esforço e a luta para que ele passasse no ITA e agora no ENEM traz uma sensação maravilhosa, tudo de bom”, comenta Antônio.

Orgulhoso, o pai conta que havia o desejo de que o filho pudesse se dedicar aos estudos, antes mesmo do nascimento do garoto . “Eu e minha esposa sempre falamos que quando nós tivéssemos um filho, nós iríamos nos dedicar muito aos estudos dele. Acho que Deus ouviu e veio com mais facilidade para ajudar.”

Ele vai além e compartilha que é necessário que os pais se dediquem à missão de ajudar os filhos no caminho da construção de conhecimento e não delegar essa função apenas para a escola. “Se as pessoas soubessem como isso cria uma afinidade com o seu filho, elas iniciaram esses esforços desde o primeiro momento. O melhor, não é que não é algo somente para o agora, vai ser para o resto da vida.” Para além de levar o filho junto nos lugares que frequenta, Laurismara e Antônio se preocupam em caminhar junto com Caio.

“Tenta fazer o que os filhos gostam é muito importante. Entender o que eles querem fazer e não só levá-los para fazer o que você quer e gosta, porque não adianta. Ele vai lembrar do tempo que você dedicou a ele, do carinho e isso é muito fundamental. Tenho muito orgulho e minha esposa também. Tem coisas como homem e pessoa que eu gostaria de ter realizado mais. Mas como pai, não deixei de realizar nada”, conclui.

 

 

Acessa.com/Renan Ribeiro - Família abraçou a sede de conhecimento de Caio e ajudou o jovem a construir trajetória repleta de conquistas

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