A diretora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Regina Alvalá, alertou que 130 mil moradores de Juiz de Fora vivem em áreas de risco para desastres relacionados ao clima. Ela participou do evento "Câmara Debate: Os desafios e impactos dos desastres naturais em Juiz de Fora", promovido pelas Comissões de Meio Ambiente e Urbanismo.

Em 2024, a cidade registrou 10 ocorrências de risco geológico, como deslizamentos de terra, ocupando o 4º lugar no ranking nacional. Também foram emitidos 12 alertas de risco hidrográfico, como inundações e enchentes, colocando Juiz de Fora na 12ª posição do país. "É importante destacar que não tivemos registro de mortes, o que mostra que a cidade vem investindo em prevenção", ressaltou Regina.

Compromisso da Câmara

O presidente da Câmara, vereador Zé Márcio Garotinho (PDT), celebrou o novo formato de debates mensais na Casa. Já o presidente da Comissão de Meio Ambiente, vereador Negro Bússola (PV), reforçou a importância de ouvir especialistas. "Falar é prata, ouvir é ouro e agir é diamante", afirmou.

Importância da Comunicação

Com o aumento da probabilidade de desastres relacionados ao clima, Regina pontuou que é fundamental a comunicação do poder público com a população envolvida. “Comunicação de risco é diferente de comunicação de desastre. Se a gente não comunicar direito a população não põe crédito na informação que está recebendo. Se ela não põe crédito, ela não age em sua proteção, então precisamos envolver a comunidade”, finalizou.

A arquiteta Vyrna Jácomo, ex-secretária de Obras de Petrópolis, foi a segunda palestrante do evento. Ela explicou que a cidade serrana foi planejada para evitar ocupações em encostas, mas o crescimento desordenado mudou esse cenário. Para ela, a população precisa participar do planejamento urbano. "Quem mora na região conhece melhor os riscos. Onde passa a drenagem, onde há risco de deslizamento. Precisamos dessa informação para agir corretamente", disse.

Ela também enfatizou a necessidade de uma política habitacional mais eficiente. "Os municípios não têm infraestrutura adequada, recursos suficientes nem terrenos disponíveis para uma política habitacional eficaz."

Monitoramento contínuo

O subsecretário de Defesa Civil de Juiz de Fora, Luís Fernando Martins, informou que a cidade tem 142 áreas de risco geológico, 27 de risco hidrográfico e oito de risco tecnológico, relacionadas às barragens. "Juiz de Fora é o terceiro município mineiro com maior população em áreas de risco. Isso significa que 24,98% dos moradores vivem em locais vulneráveis", alertou.

A Defesa Civil opera uma Sala de Situação 24 horas por dia, em parceria com o Corpo de Bombeiros, monitorando 44 pluviômetros espalhados pela cidade. "Se chover 25mm na bacia do Córrego Santa Luzia, sabemos exatamente a intensidade da chuva e podemos agir rapidamente", explicou Luís Fernando.

Chuva não é sinônimo de desastre

Regina Alvalá e Vyrna Jácomo reforçaram que a chuva, por si só, não causa desastres. "O problema surge quando ameaças naturais encontram vulnerabilidades. Isso inclui a topografia da região, a presença de rios e o modo como as pessoas ocupam e interferem nessas áreas", explicou Regina.

O Cemaden divulga diariamente, às 16h, previsões de risco hidrológico e geológico. "Na Região Sudeste, quatro em cada 100 brasileiros estão expostos a desastres", concluiu.

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Cemaden | desastres naturais

© Comunicação MPA - Climatologista aponta risco de mais desastres ambientais no mundo

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