Moradores e proprietários da Serra do Pires, na zona rural de Juiz de Fora, têm se mobilizado contra o Projeto de Lei 174/2024, que propõe a criação de uma Unidade de Conservação (UC) na região. A proposta, de autoria da ex-vereadora Talia e com continuidade pela vereadora Cida Oliveira (PT), tramita na Câmara Municipal e tem gerado forte reação contrária por parte da comunidade local.
Durante uma reunião extraordinária realizada no plenário da Câmara no último dia 8 de setembro, mais de 80 pessoas participaram do debate e manifestaram publicamente sua oposição à criação da unidade. Na ocasião, um abaixo-assinado com mais de 180 assinaturas foi protocolado, evidenciando o posicionamento coletivo dos moradores.
Entre as principais críticas ao projeto estão a falta de consulta prévia à população, a insegurança quanto a possíveis desapropriações e o receio de restrições no uso das terras. Segundo os moradores, uma pesquisa realizada de forma independente, por meio de visitas domiciliares, revelou que a maioria vê o projeto como uma ameaça à autonomia das famílias, ao sustento local e à preservação de aspectos culturais da comunidade.
“Não fomos ouvidos. Este projeto representa uma intervenção externa, que ignora nossa história, nossas tradições e nossa realidade”, afirmou um dos representantes da comunidade durante a reunião.
Após a repercussão negativa, a vereadora Cida Oliveira decidiu retirar temporariamente o projeto da pauta, alegando a necessidade de ampliar o diálogo com a população. No entanto, moradores afirmam que a proposta, mesmo se reformulada, não conta com apoio da região.
Além da vereadora Cida, participaram da reunião os vereadores Marlon Siqueira (MDB), Zé Márcio – Garotinho (PDT), Tiago Bonecão (PSD), João do Joaninho (PSB), Negro Bússola (PV), Roberta Lopes (PL) e Maurício Delgado (REDE). Parte dos parlamentares presentes manifestou apoio à comunidade e sinalizou preocupação com os possíveis impactos sociais, econômicos e culturais da proposta.
A Serra do Pires, conhecida por sua paisagem natural e atividades agrícolas, não possui atualmente estrutura de segurança pública ou serviços básicos adequados, o que, segundo os moradores, agravaria os efeitos de uma mudança na dinâmica territorial da área.
Diante do cenário, os residentes da Serra do Pires afirmam manter sua posição contrária à criação da Unidade de Conservação e pedem que sua decisão seja considerada no processo legislativo.