Juliano Nery Juliano Nery 3/7/2012

Novos contos do vigário

Foto de carro de políciaE não é que a moda retrô, aquela que tem influenciado a música e as roupas, com itens de um estilo cultural do passado, mas que voltam a virar tendência na atualidade, também tem se apoderado do mundo do crime. Embora esteja longe de ser um especialista no assunto, foi nessa semana que me atentei para o fato, a partir do noticiário publicado aqui na ACESSA.com. Vários crimes envolvendo golpes na melhor maneira do que costumava se chamar conto do vigário. Até me parecia que esse tipo de crime, ligado à prática de pequenos golpes, estampava apenas notas de rodapé das páginas policiais, mas me assustei ao perceber o volume de ocorrências registradas no portal na semana passada. Cada qual com um nome mais sugestivo do que o outro. E usando uma audácia cada vez mais apurada...

Somente nos últimos dias, tivemos o caso da "saidinha do banco", em que um senhor perdeu mais de R$ 20 mil, que se somados aos R$ 10 mil da idosa que caiu no conto do bilhete premiado, já dá para comparar a valores de prêmios distribuídos em programas de televisão das noites de domingo. E teve a mãe e a filha que tentaram aplicar golpe em uma loja de carros no Francisco Bernardino... É a moda retrô sinalizando que o inverno da Manchester Mineira começou bastante aquecido...

Embora Juiz de Fora conserve ainda características de cidade pequena, inclusive no espírito de seus habitantes, que muitas vezes concedem boa fé aos passantes que aparecem com bilhetes premiados, necessitando de colaboração ou que saem com boas somas de agências bancárias, é necessária muita prudência ao efetuar qualquer ação que envolva dinheiro. Não dá para se iludir. Com 600 mil moradores, a cidade ganha ares de cidade grande e conta com todos os riscos que essa noção implica, inclusive, para modalidades de crime. Até mesmo com os novos contos do vigário, como foi possível observar na última semana. E usar a característica do bom mineiro, aquele desconfiado por natureza, pode ser uma boa tática. Afinal de contas, quando a esmola é demais, o santo desconfia.

Não precisamos retomar o conto do vigário. Até porque morar em Juiz de Fora já foi mais fácil. A maré não anda para peixe... Como se não bastasse o trânsito caótico. O aumento da passagem de ônibus. A dificuldade em se ganhar um bom salário. E agora temos que aturar golpistas de todas as naturezas. A boa notícia é que uma quadrilha especializada em crimes envolvendo cartões de crédito acabou sendo presa no fim de semana. E pela notícia não era pouca gente envolvida: doze pessoas. Espero que, com menos bandidos em ação, a semana seja mais tranquila do que a anterior.

Juliano Nery não acredita em bilhetes premiados. E em pouca gente.

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Juliano Nery é jornalista, professor universitário e escritor. Graduado em Comunicação Social e Mestre na linha de pesquisa Sujeitos Sociais, é orgulhoso por ser pai do Gabriel e costuma colocar amor em tudo o que faz.

ACESSA.com - Pequenos golpes s?o os novos contos do vig?rio em Juiz de Fora