Levando em conta as respostas ao ?ltimo artigo, creio que continuar falando de m?sicos juizforanos ? um bom fil?o, n?o apenas por despertar os orgulhos nos leitores da t?o amada terra, como tamb?m para dar luz a alguns incompreensivelmente esquecidos ou mal conhecidos.
Como disse no ?ltimo texto, n?o irei apenas listar nomes, o que considero desrespeitoso para com os artistas, tampouco pretendo ser a palavra final nesse assunto. Assim, n?o estranhe o leitor se o seu cantor, compositor ou m?sico preferido n?o aparecer aqui. Isso n?o quer dizer que o desconsidero ou o julgo inferior, ou qualquer coisa assim. ? que se fosse para escrever sobre todos, um livro seria pouco, e eu s? disponho de uma coluna mensal.
Sobre o artista
Meu primeiro contato com o nome de Edmundo Villani-C?rtes se deu por causa
de algumas pe?as para flauta doce e piano de sua autoria, chamadas 5
Miniaturas Brasileiras. Esta pequena suite chamou minha aten??o pela
singeleza e beleza, escritura musical justa e inspira??o rara.
Aqui em Juiz de Fora, notei como Villani-C?rtes ? pouco conhecido fora do "circuito dos entendidos". E aqui quero deixar claro que, em se tratando de um compositor, ser conhecido n?o ? simplesmente saber quem ?, mas ter sua obra executada e ouvida. O compositor nasceu em Juiz de Fora em 1930, filho de pais m?sicos (parece-me que o pai era flautista, n?o sei se nascido aqui, mas de qualquer forma, mais um na tradi??o deste instrumento na cidade).
Edmundo Villani-C?rtes ? um dos compositores brasileiros mais produtivos da atualidade, escrevendo para as mais variadas forma?es. Al?m de compositor ? tamb?m arranjador, pianista, Doutor em m?sica e professor. Recebeu diversos pr?mios internacionais e nacionais por suas obras e tem uma ampla discografia. Enfim, ? um nome que n?o pode ficar em segundo plano na cidade.
Duas iniciativas recentes talvez o colocaram em maior evid?ncia. A primeira delas foi a execu??o e grava??o em CD do Te Deum, composto por Villani-C?rtes para celebrar os 150 anos de Juiz de Fora. Realizado pelo Centro Cultural Pr?-M?sica em 2000, esta empresa teve como regente o pr?prio compositor que mostrou uma obra para orquestra sinf?nica, coro e solistas, madura e densa, ousada, mas ao mesmo tempo familiar aos ouvidos brasileiros. O Te Deum foi reapresentado em 2001 no anivers?rio da cidade, ocasi?o em que s? se confirmou a car?ncia da cidade de uma orquestra sinf?nica de verdade e de um coro ao menos semi-profissonal.
O CD, al?m da pe?a em homenagem a Juiz de Fora, traz outras m?sicas de Villani-C?rtes que d?o um bom panorama de sua obra, inclusive as 5 Miniaturas Brasileiras a que me referi acima, em uma vers?o para orquestra de cordas.
A segunda iniciativa foi de um coro de crian?as chamado Angeli Coeli, da Igreja do Ros?rio. Este coro, regido por Celi Dias de Castro, mostrou um outro lado da obra de Villani-C?rtes, aquele da m?sica sacra voltada para a liturgia e n?o para o concerto. Este coro apresentou (cantar seria pouco, pois al?m disso tamb?m encenou) uma Cantatinha de Natal de Villani-C?rtes na noite do ?ltimo Natal, na Igreja do Ros?rio que foi uma surpresa dupla: a obra e a interpreta??o. A m?sica ? f?cil, no entanto inspirada e expressiva e o coro um primor. Ouvi outras pe?as de Villani-C?rtes por este mesmo coro em um CD que n?o teve a divulga??o do Te Deum, mas que bem merecia. H? no CD uma Oferenda que une tradi??o e modernidade de forma surpreendente, e mais surpreendente ? a interpreta??o que o coro d? ao Gl?ria, mostrando primoroso preparo vocal e sensibilidade de execu??o. Agudos sem gritos, falsas rela?es harm?nicas bem entonadas e brilho vocal. Ouvindo este CD ? poss?vel folgar, nem tudo est? perdido! Sem muito alarde faz coisas significativas e com zelo. Acho que ? preciso aprender muito com este grupo.
No pr?ximo m?s tem mais.
Bons concertos.
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