Vale a pena ver outros trechos do livro, j? que ele se encontra esgotado, por ter tido uma tiragem pequena, endere?ada aos do Manuel Hon?rio "daqueles tempos", assim como "O esp?rito do S?o Roque", tamb?m de tiragem pequena, se destinava aos da turma do largo. Esgotados, ambos os livros hoje s?o raridade e quem os possui, pensam duas vezes antes de emprest?-los, baseados na realidade de que livro emprestado raramente retorna. Por isso, o autor da "Confraria" haver? de dar licen?a para a reprodu??o aqui de alguns trechos, selecionados entre os mais engra?ados:

* O sal?o de barbeiro do Z? Mesquita, na sua aus?ncia, ficou por conta do Ant?nio, seu irm?o de cria??o. (...) De pouco papo, calado, fala por meio de um sorriso malicioso e curt?ssimas interven?es. Calvo no meio e de largos cabelos enrolados, conservava um espesso bigod?o, logo acima do cigarro eternamente pendurado na boca. Um de seus esportes favoritos era o cuspe ? dist?ncia - parece que todos os barbeiros apreciam essa especialidade. (...) Diz a lenda, que o bom senso impede-me de confirm?-la, que certa vez ele postou-se no passeio do Bar do Ping?im e, sem tomar impulso, alcan?ou, em uma s? cusparada, o outro lado da linha do bonde, pr?ximo ao passeio do Bar do Euclides [Bidu Say?o].

* Certa vez, Ti?o Cabe?a chegou ao Bar Ping?im, pronto para sair, final de tarde de s?bado, depois de ter feito a barba com o Ant?nio. Alguns amigos estranharam a costeleta, uma maior que a outra, e o convenceram a fazer valer seus direitos de consumidor e voltar ao sal?o para ajustar um lado ao outro.
O Ant?nio escutou as pondera?es de Ti?o e pediu, com voz de tenor, para sentar-se ? cadeira. (...) Vestir a jaqueta j? era um ritual, admirar as costeletas, imaginem. Primeiro, olhou-as atrav?s do espelho, postado atr?s de Ti?o, com as duas m?os em seu rosto, balan?ando sua cabe?a de um lado para outro. Depois ficou na frente de Ti?o, olhando-o intrigado. (...) Por fim, pegou a cabe?a de Ti?o com as duas m?os, entortou a cabe?a, examinou bem cada lado do rosto e deu a senten?a, enquanto tirava a jaqueta: - Pode descer garoto, o problema n?o ? meu. Eu fiz bem o meu trabalho. Mas voc? tem uma orelha mais baixa que a outra.

* Outro c?lebre inimigo do trabalho era o Vaguinho. (...) Como era bom jogador de futebol, certa vez foi convidado a jogar pelo Industrial mineira, time da f?brica do mesmo nome no Morro da Gl?ria, dono do melhor campo de futebol amador da cidade, onde hoje ? o Vale do Ip?. Vaguinho ficou merecidamente orgulhoso com o convite e partiu para o primeiro treino. No s?bado seguinte, quando todos se encontravam reunidos no pontilh?o, algu?m perguntou:
- E a?, Vaguinho, voc? joga amanh??
E ele com o jeito maroto, respondeu:
- Que nada, desisti. Os homens queriam que al?m, de jogar eu ainda trabalhasse na f?brica, com carteira assinada e tudo.

O livro do Roberto (ele h? de me permitir a intimidade do tratamento, embora n?o nos conhe?amos pessoalmente - apenas via e-mail) traz tamb?m um trabalho elogi?vel de pesquisa hist?rica, ao reverenciar, em curtas biografias, os personagens que d?o nome ?s ruas, avenidas e pra?as do bairro: Alfredo Ferreira Lage, Manoel Hon?rio de Campos, Am?rico Gomes Ribeiro da Luz. E mais: conta como surgiu o Bairu (em terras pertencentes outrora ao fazendeiro Manoel Hon?rio), por obra de Severino Belfort Arantes e de Alonso Ascen??o Oliveira, "o verdadeiro construtor do bairro".

Continua


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