* O sal?o de barbeiro do Z? Mesquita, na sua aus?ncia, ficou por conta do Ant?nio, seu irm?o de cria??o. (...) De pouco papo, calado, fala por meio de um sorriso malicioso e curt?ssimas interven?es. Calvo no meio e de largos cabelos enrolados, conservava um espesso bigod?o, logo acima do cigarro eternamente pendurado na boca. Um de seus esportes favoritos era o cuspe ? dist?ncia - parece que todos os barbeiros apreciam essa especialidade. (...) Diz a lenda, que o bom senso impede-me de confirm?-la, que certa vez ele postou-se no passeio do Bar do Ping?im e, sem tomar impulso, alcan?ou, em uma s? cusparada, o outro lado da linha do bonde, pr?ximo ao passeio do Bar do Euclides [Bidu Say?o].
* Certa vez, Ti?o Cabe?a chegou ao Bar Ping?im, pronto para sair,
final de tarde de s?bado, depois de ter feito a barba com o Ant?nio. Alguns
amigos estranharam a costeleta, uma maior que a outra, e o convenceram a
fazer valer seus direitos de consumidor e voltar ao sal?o para ajustar um
lado ao outro.
O Ant?nio escutou as pondera?es de Ti?o e pediu, com voz de tenor,
para sentar-se ? cadeira. (...) Vestir a jaqueta j? era um ritual, admirar
as costeletas, imaginem. Primeiro, olhou-as atrav?s do espelho, postado
atr?s de Ti?o, com as duas m?os em seu rosto, balan?ando sua cabe?a de um
lado para outro. Depois ficou na frente de Ti?o, olhando-o intrigado. (...)
Por fim, pegou a cabe?a de Ti?o com as duas m?os, entortou a cabe?a,
examinou bem cada lado do rosto e deu a senten?a, enquanto tirava a jaqueta:
- Pode descer garoto, o problema n?o ? meu. Eu fiz bem o meu trabalho. Mas
voc? tem uma orelha mais baixa que a outra.
* Outro c?lebre inimigo do trabalho era o Vaguinho. (...) Como era
bom jogador de futebol, certa vez foi convidado a jogar pelo Industrial
mineira, time da f?brica do mesmo nome no Morro da Gl?ria, dono do melhor
campo de futebol amador da cidade, onde hoje ? o Vale do Ip?. Vaguinho ficou
merecidamente orgulhoso com o convite e partiu para o primeiro treino. No
s?bado seguinte, quando todos se encontravam reunidos no pontilh?o, algu?m
perguntou:
- E a?, Vaguinho, voc? joga amanh??
E ele com o jeito maroto, respondeu:
- Que nada, desisti. Os homens queriam que al?m, de jogar eu ainda
trabalhasse na f?brica, com carteira assinada e tudo.
O livro do Roberto (ele h? de me permitir a intimidade do tratamento, embora n?o nos conhe?amos pessoalmente - apenas via e-mail) traz tamb?m um trabalho elogi?vel de pesquisa hist?rica, ao reverenciar, em curtas biografias, os personagens que d?o nome ?s ruas, avenidas e pra?as do bairro: Alfredo Ferreira Lage, Manoel Hon?rio de Campos, Am?rico Gomes Ribeiro da Luz. E mais: conta como surgiu o Bairu (em terras pertencentes outrora ao fazendeiro Manoel Hon?rio), por obra de Severino Belfort Arantes e de Alonso Ascen??o Oliveira, "o verdadeiro construtor do bairro".
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