9? Mostra de Cinema de Tiradentes

Como j? acontece h? 9 anos, a cidade de Tiradentes continua se apresentando, no m?s de janeiro, como uma das grandes "capitais" do cinema nacional. A cada ano sua mostra cinematogr?fica, que inaugura oficialmente o calend?rio audiovisual brasileiro, cresce em quantidade e em qualidade.

Se nos remetermos ? 1? Mostra de Cinema de Tiradentes, que aconteceu entre 23 e 31 de Janeiro de 1998, vemos que de l? pr? c? muito coisa mudou. Em sua primeira edi??o, esse festival, que na ocasi?o rendeu homenagem a Carla Camurati (diretora) e a Paulo Jos? (ator), comp?s-se basicamente de 21 sess?es de cinema em pel?cula, exibindo 17 longas, apenas 06 curtas e 64 v?deos, estes ?ltimos somente de BH. Al?m disso ofereceu 03 oficinas de cultura direcionadas ? forma??o profissional e orientadas ?s produ?es mineiras, 02 f?runs tem?ticos, uma mostra de fotografia - dignificando o saudoso cineasta Humberto Mauro - e 01 espet?culo de teatro de rua. Ao todo foram envolvidas 42 pessoas na equipe de trabalho.

Em compara??o ao festival inaugural, a 9? Mostra de Cinema de Tiradentes, que este ano homenageou o cineasta Ruy Guerra e o videoartista Eder Santos, reuniu um conjunto de 173 obras - 24 longas, 60 curtas e 89 v?deos - de interessante riqueza de linguagens e tem?ticas, batendo um novo recorde de exibi??o de filmes num ?nico festival. Igualmente foi ampliada a oferta de oficinas de cinema - este ano foram 13, desde as tradicionais, como as de Roteiro (inicia??o e avan?ado), Dire??o de Fotografia, Document?rio, Interpreta??o para Cinema, Assist?ncia de Dire??o e Continuidade, Cria??o e Arte, ?s mais inovadoras, poder?amos dizer, como as de Realiza??o em V?deo Digital, Est?dio de Cinema e Anima??o, Fotografia Still, V?deo Experimental e Interpreta??o para Jovens.

Al?m disso, realizou-se pelo s?timo ano consecutivo o Semin?rio do Cinema Brasileiro, reunindo as principais entidades do segmento audiovisual do pa?s atrav?s de representantes do F?rum dos Festivais, da ABD, da Ancine, da Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais, do CBC, do CTAv, da Pandora Filmes, entre outros, os quais debateram temas como "Pol?ticas P?blicas para o Audiovisual em Minas e no Brasil" e "Alternativas de produ??o, distribui??o e exibi??o para o audiovisual no Brasil".

Fundamental ainda se ressaltar que, nesta sua 9? edi??o, a Mostra de Cinema de Tiradentes ampliou consideravelmente o espa?o de reflex?o da significa??o do trabalho cinematogr?fico e da experi?ncia est?tica do cinema. Para este ano, foram convidados professores, cr?ticos, jornalistas, pesquisadores e escritores de cinema para serem tamb?m protagonistas do evento e potencializarem o encontro entre cr?tica, diretor e p?blico. Isto, por certo, possibilita que sobretudo este ?ltimo possa ver os filmes com novos olhos. Enfim, para terminarmos nossa breve compara??o, vemos que a 9? Mostra de Cinema de Tiradentes aumentou bastante a oferta de shows e eventos paralelos, trabalhou com um p?blico muito mais amplo (a estimativa ? que o festival este ano tenha contado com um p?blico em torno de 30 mil pessoas) e, inegavelmente, tamb?m dilatou bastante a equipe de trabalho.

Por tudo isto, beneficiando-se ainda da beleza, do charme e do aconchego da cidade hist?rica, sob v?rios aspectos o festival de cinema de Tiradentes melhora a cada ano. ? claro que em termos de organiza??o sempre h? algo que pode ser aperfei?oado. Encontramos ainda este ano, por exemplo, alguns problemas relativos ao sistema de ar condicionado no Cine-Tenda, onde tamb?m as cadeiras continuam sendo um pouco desconfort?veis, principalmente quando se pretende assistir mais de um filme em seq??ncia, e certos problemas de som e proje??o em algumas sess?es. No entanto, estas falhas n?o chegam de fato a abalar a "Festa de Cinema de Tiradentes" que a cada ano fica mais prazerosa. Registro aqui, por exemplo, o prazer de assistir a exibi??o ao ar livre (no "Cine Pra?a") do filme a M?quina, de Jo?o Falc?o, apresentado previamente pelo pr?prio diretor e ainda pelo protagonista e por outros membros da equipe. Este filme que, antes de ser exibido como pr?-estr?ia tamb?m em Tiradentes, fez parte da programa??o da 5? edi??o do nosso Primeiro Plano - Festival de Cinema de Juiz de Fora, tamb?m l? foi um sucesso, lotando o Largo das Forras e empolgando um grande p?blico, composto sobretudo por moradores locais. Estes talvez s? tenham a ocasi?o da Mostra de Cinema para poderem assistir filmes na "tela grande". Neste sentido, como quase todos os outros festivais de cinema, o Festival de Tiradentes tamb?m cumpre um importante papel social, principalmente num Estado que ainda conta hoje com cerca de apenas 50 salas de cinema para seus mais de 850 munic?pios, conforme aponta a Secret?ria de Estado de Cultura de Minas Gerais, Eleonora Santa Rosa.

Inspirados, ent?o, pela Mostra de Tiradentes e por outros festivais de cinema do Brasil, desejamos que tamb?m o nosso Primeiro Plano, a cada ano, possa ampliar sua qualidade, sua abrang?ncia, seu espa?o de frui??o de cultura e prazer, al?m de sua significa??o social.


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