J? faz muito tempo que n?o freq?ento igrejas e n?o vem ao caso aqui escrever o porqu?, afinal, a coluna ? sobre m?sica e n?o sobre religi?o e afins. No entanto, por coincid?ncias daquelas dif?ceis de escapar, o ?ltimo m?s me reservou missas, cultos, casamentos. Uma overdose de igreja, para quem n?o ? l? muito afeito a essas coisas.

Minha surpresa foi como est? tratada a m?sica nas igrejas. N?o ouvi nada que se aproxime de algo apreci?vel. Tudo bem que qualquer instrumento pode se adequar muito bem ? m?sica da igreja, mas da? a maltratar os fi?is com bandas formadas de teclado, baixo e guitarra el?tricos e bateria j? vai um longo caminho. E por que tanto volume? Por que microfones t?o estridentes?

Em alguns dos epis?dios eu n?o sabia como me comportar, visto a euforia da assembl?ia. Confesso que s? havia vivido isso em shows de rock e pop, mas n?o sei como isso foi parar na igreja. N?o diferenciei o conte?do das m?sicas de outras difundidas pelo mercado consumidor. E ? bom acentuar, estou falando de conte?do musical. Sobre os textos das m?sicas, s? d? pra dizer que passam longe da poesia.

O mais assustador foi em um casamento. Depois de ag?entar uma "Marcha Nupcial", reduzida de acordes cheios pelo teclado e melodia, e uma "Ave Maria", facilitada no acompanhamento e mal cantada, foi preciso ainda chegar ao c?mulo da bifurca??o entre o que se passava no ritual e a m?sica. Logo depois de os noivos prometerem-se amor e respeito por toda a vida, eis que nos brindam os m?sicos com uma bel?ssima can??o do saudoso Renato Russo que diz: "que tudo era pra sempre, sem saber, que o pra sempre, sempre acaba." Em qual dos dois eu acredito, nas palavras do ritual ou na m?sica? Ou ser? que n?o foi apenas um aviso dos nubentes ou a eles? De qualquer maneira, tenho que dizer que foi a m?sica mais bem interpretada pelo trio de m?sicos.

Em outra dessas aventuras religiosas quase tive uma s?ncope quando na hora de se rezar o Pai-Nosso, que aprendi a cantar naquela dign?ssima melodia gregoriana ainda menino, comecei a ouvir Sound of Silence de Simon e Garfunkel, mas com as palavras da ora??o! Foi demais pra mim.

Acho que n?o h? nada de mal que se queira fazer m?sica "moderna" para a igreja, n?o vejo problema que se busque um repert?rio mais afeito a nossos tempos e ? sua gente, mas ? preciso um pouco de cuidado para n?o se destruir tudo o que j? se fez. Ser? que a igreja vai fazer com a m?sica o mesmo que fez e vem fazendo com a arquitetura e arte sacra? Ser? que vai continuar destruindo seu patrim?nio musical, como j? fez com parte de seu patrim?nio material (por exemplo, o antigo pr?dio do col?gio e capela do Stella Matutina, apenas para ficar em algum edif?cio bem central)?

Reaproximei-me das igrejas apenas para ter mais uma raz?o para afastar-me delas. Se a m?sica vai por esses caminhos, fica dif?cil estar na missa ou no culto at? o final. Ou talvez esse seja um novo m?todo penitencial das igrejas, fazer os fi?is ouvirem m?sica mal executada e, muitas vezes, de qualidade duvidosa e assim purgarem suas faltas semanais.

Este m?s fico por aqui. Ite Missa Est


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