Tarifa de ônibus passa a custar R$ 2,05 a partir de 14 de julho

Audiência pública de apresentação da planilha do cálculo tarifário foi marcada por manifestação dos estudantes

Thiago Stephan
Repórter
28/6/2012
Audiência

O secretário de Transporte e Trânsito (Settra), Márcio Bastos, apresentou, na tarde desta quinta-feira, 28 de junho, em audiência pública na Câmara Municipal, a planilha que justifica o reajuste de 5,1% na tarifa do transporte coletivo urbano de Juiz de Fora. O aumento foi aprovado na noite de quarta-feira, 27, pelo Conselho Municipal de Transportes (CMT), com 13 votos a favor, três contra e uma abstenção.

Segundo a assessoria de comunicação da Settra, "a passagem passará a custar R$ 2,05, possivelmente no dia 14 de julho, após decreto do Executivo".

A audiência foi marcada por forte manifestação dos estudantes, que a toda hora questionavam a metodologia adotada pela Settra, e criticavam a qualidade do transporte público. Membro integrante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Felipe Fonseca, destacou que não houve grandes mudanças no transporte coletivo de Juiz de Fora desde as graves denúncias que levaram à queda de um prefeito. Ele também criticou a metodologia adotada para o cálculo do reajuste.

"Foram quatro anos e as planilhas continuam apresentando os mesmos problemas, que são questionáveis, como a inclusão das gratuidades e a utilização de valores unitários, como pneus, por exemplo, quando na verdade os empresários compram por atacado", disse, relatando que o DCE, que tem cadeira no CMT, não foi comunicado sobre a reunião para a votação do reajuste e nem recebeu a planilha com antecedência para que pudesse analisá-la. "Isso é muito grave e abala a relação dessa planilha com a população".

A todo instante os estudantes interrompiam a audiência pública com gritos de guerra, como "Basta, chega, rasgue essa planilha. O povo não aceita este tipo de mentira". Um deles chegou a gritar que na Câmara só tinha bandido, o causou revolta no vereador Júlio Gasparette (PMDB), que presidia a audiência pública. Gasparette chegou a pedir a retirada do jovem, mas acabou sendo convencido do contrário pelo vereador Roberto Cupolillo (PT), que argumentou que manifestações desse tipo acontecem.

Também integrante do DCE, Patrícia Duarte relatou, durante o seu pronunciamento, que os estudantes foram recebidos pela Polícia Militar e com spray de pimenta na reunião do CMT. Em seu pronunciamento, questionou os vereadores que sentiram-se desrespeitados pelo estudante que os chamaram de bandidos, ao dizer que a população de Juiz de Fora sofre todos os dias, quando tem que usar o transporte coletivo, questionando de forma veemente o reajuste.

Posteriormente, Cupolillo destacou que o mais importante em relação às tarifas é que a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) subsidie o valor das passagens, assim como ocorre em restaurantes populares. O vereador petista levantou ainda outra questão: a da bilhetagem eletrônica.

"São milhares de trabalhadores que recebem o vale-transporte no cartão e não conseguem utilizá-lo na totalidade. Temos o caso de um funcionário que tem mais de R$ 4 mil no cartão. O dinheiro dessas passagens já está no poder da Astransp. As empresas de transporte foram as únicas que se beneficiaram com a bilhetagem eletrônica. Entramos com um projeto para que o saldo no cartão possa ser usado tanto nos ônibus como em táxis", disse.

O vereador Luiz Carlos dos Santos (PTC) classificou o sistema eletrônico como perverso. Autor da lei que acabou com o intervalo de 30 minutos entre uma viagem e outra para usar o cartão, ele questionou para onde está indo o dinheiro das passagens que são creditadas para os usuários, mas que não são utilizadas. "Não vi esta questão no cálculo da planilha", disse, enfaticamente.

José Sóter de Figueirôa (PMDB) observou que o aumento não é apenas de R$ 0,10. "É de R$ 0,20, já que o passageiro tem que ir e voltar. Sempre defendi que política de transporte não é política econômica, é política social, e não deve ser analisada por números. Também defendo que a tarifa seja subsidiada pela Prefeitura", expõe.

Flávio Cheker (PT), em sua breve fala, questionou o posicionamento da Secretaria de Transportes e Trânsito. "A Settra mais parece um braço do empresariado do que um órgão de defesa da população".

Por fim, em suas considerações finais, o secretário Márcio Bastos afirmou que o transporte coletivo de Juiz de Fora conta "com excelente qualidade de operações". Sobre o fato de o convite para a reunião do CMT não ter chegado ao DCE, creditou à mudança dos representantes estudantis e a consequente falta da comunicação à Settra como responsável pelo ocorrido. Sobre a presença da Polícia Militar na reunião da noite de quarta-feira, 27, revelou que foi dele a decisão de chamar os policiais ao perceber que "havia uma movimentação". "Como presidente do conselho, me sinto na obrigação de garantir a segurança". Por fim, disse que está aberto para explicar como a planilha foi calculada tanto para os estudantes como para os vereadores.

Os textos são revisados por Mariana Benicá

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