Os moradores e comerciantes do Bairro Poço Rico, em Juiz de Fora, estão insatisfeitos com o fechamento da passagem de nível do trem na esquina das ruas Pinto de Moura e da Bahia.
De acordo com o presidente da Associação de Moradores, Alexandre Reis Silva, o trânsito de veículos foi interrompido após a inauguração do Viaduto Engenheiro Renato José Abramo, no dia 22 de dezembro, gerando impactos negativos para a mobilidade e o comércio.
Conforme o representante, antes da alteração, a associação procurou a antiga administração para conversar. "Mostramos a inviabilidade da conclusão do viaduto com o fechamento da Rua da Bahia com a Pinto de Moura, bem como a falta de um retorno ou rotatória na saída do viaduto, impedindo quem está no Santa Tereza de vir ao Poço Rico".
Silva também aponta vários erros na obra: "de um lado do viaduto não há passeio ligando a Rua da Bahia com a Avenida Brasil. Outro problema é um canteiro que impede a saída do pedestre em direção à Rua Coronel Delfino. Isso, sem contar, a falta de aterramento no guard rail (mureta) e saídas abertas de fios dos postes de iluminação”, diz.
Para a aposentada Aparecida Santos, "o viaduto não trouxe benfeitoria. Se viermos pela Espírito Santo para nossas casas, temos que atravessar o viaduto em horário de pico. Como não temos mão na saída dele para entrar na Rua da Bahia, somos obrigados a atravessar a ponte azul e a Carlos Otto e voltar quase na Praça da Estação para retornar ao bairro".
A indignação é compartilhada pela jornalista Mariana Noronha. "Essas novas mudanças estão nos afetando muito, em vez de ter sido algo positivo, está sendo negativo. O viaduto é uma obra bacana, mas foi desnecessário fechar a passagem da linha do trem, porque ela podia ser mais uma alternativa pro transito fluir. Toda a família do meu pai, assim como eu, moramos aqui no Poço Rico desde que nascemos. Estávamos acostumados com o trajeto e com uma rotina de ir e vir já estabelecida. Para vir do centro agora, você só tem um caminho com muito transito e engarrafamento. Minha mãe por exemplo, terá que ter cuidado redobrado ao voltar a pé do trabalho, porque vai ficar mais deserto e consequentemente, mais perigoso. Com o fechamento da Rua Pinto de Moura, mudaram o acesso às nossas casas e todo o itinerário do ônibus, nosso bairro ficou sem opção. Estamos literalmente ilhados".
Resposta
Em resposta, a antiga administração da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) se defendeu, afirmando que o fechamento partiu de pedido da MRS Logística por conta de acidentes envolvendo veículos na linha férrea. Entretanto, Silva afirma que o "último acidente com carro e uma composição férrea tem mais de 20 anos. Não se tem acidente de carros com composição férrea. Os acidentes que acontecem são com os pedestres”.
Obras
Além do viaduto, a Prefeitura realizou a drenagem de 400 metros de extensão, a fim de minimizar os alagamentos recorrentes na Rua Osório de Almeida.
A obra teve início em 2016 e o investimento total foi de R$17.325.015,24. Os recursos são oriundos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) e da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop). Segundo a PJF, "o viaduto é composto por duas estruturas de 290 metros cada, ambas com duas pistas, cada uma operando em uma mão, passarela de pedestres e iluminação em led, instalada pela subsecretaria de Energia".
Trânsito
Foi implantada mão única nas ruas da Bahia (entre Coronel Vidal e Pernambuco), Doutor Romeu Arcuri e Duque de Caxias. Já a Rua Tenente Coronel Delfino Nonato opera nos dois sentidos, assim como o novo viaduto. A obra conta ainda com duas ruas novas, uma com acesso por meio da Rua Osório de Almeida e outra com saída para a Avenida Francisco Valadares.
Sem ônibus
Conforme explica Silva, a mudança também afetou o itinerário do transporte urbano. "Não existe mais o ônibus em direção ao Centro. O viaduto impossibilitou a convergência na Rua da Bahia. Agora, ele já desce do Hospital Albert Sabin, sentindo ao Tupinambás."
A linha 311 (Santa Teresa) funciona da seguinte forma:
- Sentido Centro/bairro: Viaduto Augusto Franco, ruas Pinto de Moura, Paraná e Pernambuco e Avenida Brasil.
- Sentido bairro/Centro: ruas Edgar Carlos Pereira, Tenente Coronel Delfino Faria, José Ladeira e Delorme Louzada e Avenida Brasil.
Reunião com a PJF
Após lançar a Mesa de Diálogo e Mediação de Conflitos, em publicação no Diário Oficial do município nesta terça-feira, 5, a prefeita Margarida Salomão terá uma reunião nesta quinta-feira, 7, às 16h, com a comunidade do Poço Rico para tratar do impasse.
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