Na última semana, tive a alegria de iniciar o tríduo preparatório para a celebração dos 300 anos da licença concedida pela então Diocese do Rio de Janeiro para se construir a Matriz do Pilar, em São João del-Rei. Foi exatamente no dia 12 de setembro de 1721. Tal Matriz transformou-se em Catedral no dia 21 de maio de 1960, quando foi criada a Diocese, pela bula “Quandoquidem novae”, do Papa São João XXIII. Ao redor desta igreja, construída num tempo recorde de três anos, sem ainda os artísticos altares, cresceu a cidade, sendo ela, hoje, o marco histórico mais importante desta vetusta comuna mineira, de tão ricas tradições.

Louvo a iniciativa de Dom José Eudes Campos do Nascimento, coadjuvado pelo Pároco desta paróquia, Padre Geraldo Magela da Silva, pela feliz iniciativa de celebrar esta efeméride. Isso porque o documento assinado pelo cônego Gaspar Ribeiro Pereira em tempo de vacância diocesana é como a certidão de autenticidade da fé cristã daquela povoação inicial. É também básico para o que veio sendo construído, não só fisicamente, mas muito mais, com a importância do campo espiritual, tudo o que pastoralmente veio crescendo ao redor desta igreja e dentro dela através dos tempos, até chegar aos nossos dias. Em 1965, o Papa São Paulo VI agraciou e valorizou a Catedral Nossa Senhora do Pilar com o título de Basílica Menor, unindo-a, portanto, de maneira especial, ao coração do sucessor de Pedro.

Os templos cristãos são simbólicos

A construção das igrejas no mundo católico é um ato de louvor ao Pai e aos irmãos, um monumento àquilo que deve ser a nossa vida e a vida do povo. Nós construímos igrejas com arte e beleza, pois não são construções quaisquer, são muito especiais; aliás, as mais especiais para quem é dotado pela graça da fé. Construímos porque Deus merece o melhor e queremos oferecer a Ele o que há de mais belo, de mais valioso.

O Santo Padre São João Paulo II, em 1993, em seu Motu Proprio Inde a Pontificatus Nostro initio, afirmou: “a fé tende, por sua natureza, a exprimir-se em formas artísticas e em testemunhos históricos que têm uma intrínseca força evangelizadora e valor cultural, diante dos quais a Igreja é chamada a prestar a máxima atenção”. A Igreja sempre valorizou a arte como veículo de comunicação das coisas espirituais e como expressão catequética. As igrejas falam por si no silêncio das suas belezas, como nos indica a expressão do Credo Niceno-Constantinopolitano “Visibilia ad Invisibilia” (do visível para o invisível).

Porém, mais importante do que a arte, as formas ou o ouro que vemos no templo são-joanense, é o sentido espiritual de tudo isto. A arte é um veículo que nos leva ao essencial, que é Cristo. Tudo isto existe única e exclusivamente para Ele, para louvá-Lo, celebrar os Seus mistérios, ouvir a Sua palavra, para expressar o nosso amor incondicional a Ele.

As edificações sacras perenizam a Igreja

A arquitetura sacra é também imagem da Igreja viva, feita por nós. Olhando para aquela igreja, imaginamos quantos fiéis estão historicamente presentes nela. Atrás de suas paredes ornamentadas e bem pintadas, estão pedras, tijolos escondidos; são a imagem dos nossos irmãos antepassados que ali estiveram e agora estão na Igreja celeste.

Assim nós celebramos essa data tão importante, não só para a cidade ou a Diocese de São João del-Rei, não só para a Província Eclesiástica de Juiz de Fora, mas para todo o Brasil, para todo o mundo, para os quais ela é, de fato, uma expressão do amor de Deus.

Que ali a liturgia seja sempre exuberante, porque a liturgia da Terra deve ser uma imagem, ainda que pequena e pálida, da grande liturgia do céu. Preparados pela beleza daquele templo de 300 anos de idade, caminhemos com olhos fixos na Trindade Santíssima, para que um dia gozemos da felicidade e da beleza que Deus preparou para todos aqueles que O amam.

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