Atravessando o inconformismo pela perda de sua mãe, Mia não consegue compreender o real motivo da morte de sua genitora, mesmo após dois anos de luto. Até que em uma reunião com amigos, ela participa de um evento em que através de uma mão embalsamada, tem oportunidade de se conectar com espíritos de pessoas que já se foram.
Em uma dessas experiências vividas pelos jovens, um de seus amigos recebe o espírito de sua mãe, que deixa uma mensagem incompleta sobre o que houve no dia de sua morte, colocando a vida do jovem em perigo, ao passo que Mia passa a ter contato com outros espíritos na busca pela verdade.
À medida em que os gêneros de obras cinematográficas precisam constantemente se reinventar, o terror talvez seja o que menos consegue se reformular. E desde que a A24 enveredou-se na produção de filmes de terror até o momento, trouxe um respiro com ótimos filmes como Hereditário, Midsommar, A bruxa, entre outros, contudo tratando-se de longas que sempre baseavam-se no terror psicológico.
Porém, Fale Comigo carrega uma trama densa e passeia pelos elementos clássicos de um horror sobrenatural, que em tese poderia ser mais uma obra sobre espíritos. No entanto, o longa se destaca pela objetividade e agilidade, pois mostra a que veio logo nas primeiras cenas e ainda que, com duração de menos de duas horas, consegue apresentar uma narrativa consistente e fluida, permitindo o espectador se conectar com a história dos personagens, algo essencial para uma obra do gênero.
Por consequência, ao criar empatia pelos personagens, o público consegue sentir de fato, as mesmas sensações que aqueles indivíduos estão vivenciando, denotando um ponto alto para criar tensão durante o desenvolvimento da trama. E a originalidade da obra está em apresentar um enredo prático, mas complexa em equivalência, exigindo de seu público o mínimo de atenção para entender o propósito de sua mensagem.
Ademais, o brilhantismo do roteiro está em não esconder seu desfecho, ficando levemente evidente como a história deve terminar. Mas o grande impacto da trama está em, mesmo entregando antecipadamente sua resolução, somente é possível ser compreendido à medida que os detalhes menos observáveis são a verdadeira chave para desvendar os mistérios que envolvem a trama.
Com cenas bastante perturbadoras, a história ganha certa originalidade ao equilibrar o suspense sobrenatural, com o horror físico e violento, causando no espectador calafrios, sustos e sensação de pânico na mesma proporção. Mais que isso, os planos-sequências criam uma atmosfera quase claustrofóbica, mesmo em cenários abertos, como uma estrada, garantindo assim, uma excelente obra de terror, podendo facilmente ser considerada uma das melhores do gênero da atualidade.
Fale Comigo é um filme de terror sobrenatural com toques de violência física que, apesar do tema comum, obtém com êxito uma originalidade em seu desenvolvimento e na sua construção narrativa, permitindo ao público cenas memoráveis de sustos e tensão, podendo assumir o pódio de um dos melhores filmes do ano em seu gênero, que vale muito a pena ser visto numa tela de cinema.
Nota: 9.2
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