Quando se trata de baixo orçamento para suas produções, a saga de Jogos Mortais  tornou-se uma franquia lucrativa e muitas das vezes quaisquer os prejuízos financeiros foram recuperados  na semana de sua estreia. Entretanto,  sobre sua narrativa, não se pode dizer o mesmo e, ainda assim, seus patrocinadores insistem em desenvolver novos capítulos, tendo a certeza do faturamento gerado pelo público que é fanático pela coletânea do longa de terror.

Agora, um novo filme chega aos cinemas, com o retorno de John Kramer, o grande idealizador dos jogos bizarros, na tentativa de retomar um contexto narrativo coeso. Será que deu certo?

JOGOS MORTAIS 10 (2023)

Ao descobrir que têm poucos meses de vida em decorrência de um tumor no cérebro, John Kramer se vê esperançoso diante de uma ciência alternativa que se vende secretamente por estar sendo ameaçada pela indústria farmacêutica, visto que tem obtido êxito na cura de pacientes terminais do câncer. Contudo, ao participar do experimento medicinal, ele descobre que toda equipe médica envolvida é um grupo de estelionatário que engana as pessoas nas mesmas condições que ele, e como retaliação, resolve proporcionar um novo jogo com esses indivíduos de caráter duvidoso.

Uma sinopse nada inovadora de seus antecessores, Jogos Mortais 10 poderia ser só mais um filme lucrativo para agradar os fãs de cenas gore de mutilação e histeria. E, de certa forma, o é. No entanto, o que se propunha como um capítulo maçante da sequência de filmes enfadonhos, dá lugar a uma história que, embora pertencente ao marco temporal e sequencial que se estabelece durante toda a franquia, se isola para narrar a odisseia de John Kramer na luta para se manter vivo. E, se a narrativa falhou absurdamente em contar a origem de Jigsaw, ela acerta em cheio na construção do arco dramático que se estabelece diante do personagem, entre o medo da morte, a esperança pela vida, e a certeza do seu projeto de “resgatar” pessoas de seus monstros internos.

Com uma história bastante convincente, o filme tem um bom desenvolvimento dramático que conecta o espectador aos personagens, fazendo com que os jogos, não sejam apenas uma exposição de corpos dilacerados enquanto tentam escapar das armadilhas. Antes, o público consegue vibrar, ainda que não concorde com as atitudes condenáveis praticadas por eles, criando certa empatia na esperança que se salvem e aprendam a ser pessoas melhores.

Com uma boa direção e maquiagem, o filme conta com armadilhas inteligentes e críveis, como aquelas apresentadas no primeiro filme da sequência, alinhados a um roteiro com a tríade de uma boa narrativa, contendo introdução, desenvolvimento e conclusão de forma coerente e coesa, acrescentando-se um plot surpreendente, que empolga e eleva a trama do longa.

Jogos mortais 10 é um filme que se apresenta como mais do mesmo, mas que se revela uma obra de fato bem construída, sendo o melhor filme da franquia, podendo ser equiparado ao seu longa inaugural em matéria de qualidade e de desenvolvimento, com uma trama criativa e surpreendente, que vale a pena ser assistido nos cinemas.

Nota: 9

Reprodução / Hollywood Forever TV - JOGOS MORTAIS X

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Clayton Inacio da Silva

Séries e Filmes

É advogado empresarial e crítico de cinema. No campo jurídico, atua na esfera administrativa, cível e consumerista, além de elaboração e análise de contratos públicos e privados. Como crítico, analisa e comenta filmes de todos os gêneros, que são lançados no cinema e em plataforma de streaming, além de análises de séries, minisséries, animações e documentários, dando ao público uma pequena dimensão sobre a relevância de cada obra com foco em despertar o interesse pela arte e incentivando à cultura.

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