Durante o final da segunda guerra mundial, Marie, uma menina cega enfrenta o desafio de usar uma frequência de rádio clandestina para ler páginas de um livro de contos, sem se dar conta de que na realidade, está utilizando como artifício de transmitir códigos para o exército americano ano derrotar os alemães que ocupam o sul da França. Até que um soldado alemão, que é responsável por detectar códigos e transmissões clandestinas ouve a rádio e se conecta com a menina.

Com essa sinopse, Toda a luz que não podemos ver, baseado no livro homônimo de Anthony Doerr, vencedor do Pulitzer, combina romance, história e fantasia de maneira coesa e consistente. Isso porque, a protagonista, é perseguida por um sargento alemão com uma doença terminal, que sabe que a menina guarda uma pedra preciosa, que contém a lenda de que quem a toca, se torna imortal.

A  lenda, faz com que a trama central explore o romance, uma vez que o segundo protagonista, o soldado alemão Werner se encanta com a história narrada por Marie na rádio e tenta localizá-a, mesmo sabendo do que tratam aqueles contos transmitidos. E o contexto imaginativo, por conta desse enredo fantasioso se conecta harmonicamente com os elementos históricos abordados na trama, que funcionam como segundo plano, sem deixar de ser importante para contar a história pouco conhecida da colaboração dos franceses para a derrota da Alemanha.

A ambientação claustrofóbica funciona tanto para criar a tensão que se estabelece durante os bombardeios aleatórios que apesar de coordenados, causam efeitos colaterais que não escolhem suas vítimas, resultando no cenário de horror que de fato, uma guerra provoca. Para além disso, a construção do ambiente destruído consegue elevar as mensagens de esperança, uma vez que a construção da história dos personagens, que passeia entre o presente e o pssado, denota o quanto a guerra é um evento sem precedentes e devastador.

As atuações, embora medianas, conseguem criar uma atmosfera realista da situação a que estão submetidos, ainda que a protagonista não consiga convencer no seu papel de uma pessoa cega, em alguns momentos. Mas isso não impede que a trama se desenvolva bem, e haja uma boa química entre os personagens. Mark Ruffalo e Hugh Laurie estão bem em seus papéis, mas o estrelato aqui fica por conta do antagonista Lars Eidinger, que faz um sargento inescrupuloso, que abandona o fanatismo Hitleriano, em busca do tesouro para se salvar. E Louis Hofmann que já é um prodígio do cinema alemão arrebata com sua interpretação cheia de camadas bem exploradas, dando o toque mais humano e emocionante de toda série.

Toda a luz que não podemos ver é uma minissérie em quatro capítulos, que apesar de explorar um tema habitual no cinema, se torna original pela temática central e por fundir de forma equilibrada e genuína, elementos de romance, drama histórico, fantasia e guerra, que emociona e corrobora com a assertividade da inutilidade de uma guerra, seja ela em que contexto se forma, sendo uma ótima dica para um fim de semana.


Nota: 8.2

Reprodução/ Divulgação Netflix - Toda Luz Que Não Podemos Ver é a mais nova minissérie original da Netflix

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Clayton Inacio da Silva

Séries e Filmes

É advogado empresarial e crítico de cinema. No campo jurídico, atua na esfera administrativa, cível e consumerista, além de elaboração e análise de contratos públicos e privados. Como crítico, analisa e comenta filmes de todos os gêneros, que são lançados no cinema e em plataforma de streaming, além de análises de séries, minisséries, animações e documentários, dando ao público uma pequena dimensão sobre a relevância de cada obra com foco em despertar o interesse pela arte e incentivando à cultura.

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