SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O pianista e maestro argentino Daniel Barenboim, 79, cancelou mais uma série de concertos. Em comunicado nas redes sociais, ele anunciou ter recebido o diagnóstico de uma doença neurológica grave. Barenboim já sofria com alguns problemas de saúde. Em abril, ele cancelou duas séries de concertos devido a problemas no sistema circulatório.
O novo diagnóstico veio a público no dia em que o maestro receberia o prêmio Gramophone pelo conjunto da obra. Barenboim é um dos maestros mais importantes do século 21. Diretor da Ópera Nacional de Berlim e da Staatskapelle Berlim, o maestro alcançou tudo o que de melhor a música erudita pode oferecer, regendo as principais orquestras do mundo nas melhores casas de concerto.
É conhecido, também, pelo gênio complicado, sendo um dos últimos daqueles regentes caricatos, que não se incomodam em esbravejar com os músicos.
De origem judaica, Barenboim começou a tocar piano aos cinco anos de idade e se apresentou, pela primeira vez, aos sete. Como pianista, teve particular êxito em gravações do concerto de Mozart e das sonatas de Beethoven. Em 1967, o músico se casou com Jacqueline du Pré, uma sumidade do violoncelo, morta em 1987.
Barenboim desempenhou importante papel na geopolítica musical. Em 2001, regeu, no Festival de Israel, "Tristão e Isolda", de Richard Wagner, quebrando um tabu nas casas de ópera do país. Wagner, afinal, é conhecido pelo antissemitismo. Em 1999, o maestro já havia fundado, ao lado de Edward Said, a West-Eastern Divan, uma orquestra que une jovens músicos judeus e árabes.
A grave doença neurológica que o atinge deixa sua volta aos palcos ainda menos provável. Seria o fim de uma era para quem cresceu ouvindo as gravações de Barenboim.
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