SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após resolver seu primeiro caso, Enola Holmes monta um escritório e passa a oferecer seus serviços de detetive particular. Só faltou combinar com os clientes, que acham ela muito nova e inexperiente para contratá-la, mas vivem pedindo o contato de seu irmão mais famoso, Sherlock Holmes.

É nesse ponto que começa "Enola Holmes 2", continuação do filme de 2020, que estreia na sexta-feira (4) na Netflix. Na trama, quando já está quase desistindo de seu empreendimento, ela é contratada (sem remuneração) por uma garotinha para investigar o desaparecimento da irmã.

O caso demonstra ser bem mais complicado do que parecia a primeira vista. Para resolvê-lo, a jovem investigadora vai se infiltrar em uma fábrica de fósforos. Nesse ponto, ficção e história se mesclam, com o surgimento dos primeiros movimentos trabalhistas como pano de fundo.

A fábrica da Bryant & May, onde de fato ocorreu uma greve de 1.400 mulheres em 1888 por causa das péssimas condições de trabalho na época, é um dos principais cenários do filme. O fato de que o tipo de fósforo usado prejudicava a saúde das trabalhadoras acabou fazendo com que ele fosse proibido em todo o mundo alguns anos depois.

"É inspiradora a história dessas jovens que, mesmo sem poder algum, lutaram contra o sistema", elogia Millie Bobby Brown ("Stranger Things"), que vive a protagonista. "E isso também tem a ver com o tema da sororidade, que é um elemento muito presente no filme. Jack [Thorne, roteirista] e Harry [Bradbeer, diretor] foram muito espertos ao colocar Enola nesse mundo."

"Nós realmente ousamos em relação ao primeiro filme, que era sobre autoconhecimento e desenvolvimento pessoal", diz a atriz. "Era sobre uma jovem em busca da mãe desaparecida, tem irmãos muito misóginos, um deles o Sherlock, que ainda não é um caso perdido. Ela embarca nessa jornada de autoconhecimento com a ajuda de um garoto bobinho [Tewkesbury]. Admiro a abordagem do primeiro filme porque nele o público conhece a Enola. Mas o segundo filme não é sobre a Enola, mas sobre a detetive Enola Holmes."

De fato, a produção traz a personagem mais madura que há dois anos. Mesmo um pouco mais densa, a trama não perde dinamismo, alternando momentos de mistério, o romance e drama. A quebra da quarta parede, recurso em que a protagonista fala diretamente com o espectador, olhando para a câmera, se mantém. Não por acaso, já que o diretor Harry Bradbeer foi quem dirigiu a maior parte dos episódios de "Fleabag" (2016-2019).

"O objetivo era fazer um filme voltado para adultos, com uma história cheia de coragem e perigos", comenta o cineasta. "Queríamos colocar Enola em contato com pessoas de fora de sua bolha, de origens e classes diferentes. Então, ela foi apresentada às jovens operárias da sua idade. Isso me deixou muito empolgado. E foi aí que tivemos a ideia da fábrica de fósforos."

Vale lembrar que a personagem não aparece nos romances de Arthur Conan Doyle, que criou Sherlock Holmes -o primeiro filme chegou a gerar uma batalha judicial por causa disso, cujo desfecho parece ter sido um acordo financeiro (o processo foi retirado). Enola é fruto da imaginação da autora Nancy Springer, que lançou uma série de livros com a jovem como protagonista, lançados a partir de 2006.

Para o roteirista Jack Thorne, foi instigante trazer a personagem para uma nova realidade, sem perder a aderência com o período histórico no qual ela foi concebida. "O legal de trabalhar em Enola Holmes é o desafio de integrá-la ao mundo de Sherlock e, ao mesmo tempo, à história social do Reino Unido", conta. "No primeiro filme, falamos do direito ao voto. Desta vez, eu e o Harry queríamos mostrar a greve das operárias da fábrica de fósforos."

Ele também espera que o filme traga mais luz a esse episódio. "Foi um dos primeiros casos de aliança e solidariedade na luta por melhores condições trabalhistas, e foi um movimento de mulheres", observa. "Poder incluir e homenagear Sarah Chapman [uma das líderes da greve] e outras mulheres no filme é um grande privilégio, e esperamos que isso estimule um reconhecimento histórico da importância delas."

"ENOLA HOLMES 2"

Quando Estreia 4/11

Onde Na Netflix

Classificação 12 anos

Elenco Millie Bobby Brown, Henry Cavill, Louis Partridge, David Thewlis, Serranna Su-Ling Bliss e Helena Bonham Carter, entre outros.

Direção Harry Bradbeer


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