SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Foi após muita espera que os fãs viram Travis Scott subir ao palco do Primavera Sound, festival espanhol que desembarcou neste fim de semana em São Paulo. Isso porque o rapper é aguardado desde pelo menos 2020, quando era um dos headliners do Lollapalooza que foi cancelado devido à pandemia de Covid-19.
Em sua estreia no Brasil, Scott parecia cheio de energia e encontrou um público na mesma sintonia. A plateia, apesar de numerosa, foi menor do que a presente no show do Arctic Monkeys, na mesma hora e palco, no dia anterior. Atrapalhou Scott o fato de haver poucas atrações parecidas com ele na escalação do festival.
Ainda assim, seu público foi um dos mais animados deste Primavera Sound. Desde o começo, as rodas de bate cabeça eram uma constante na plateia, com sinalizadores vermelhos espalhando fumaça pelas árvores no palco Becks, feito em um estacionamento.
Scott surgiu cantando em uma plataforma suspensa no palco, com "Hold That Heat", música de Southside com ele e Future, e o single "Highest in the Room". O show foi todo esfumaçado, com luzes brilhantes, um telão cheio de efeitos e labaredas de fogo.
Em cima do palco, é como se Scott tivesse saído de outro planeta, com a voz robótica de quem domina como poucos o uso do Auto-Tune como ferramenta estética. Apesar de celebrado pelo trabalho como produtor e beatmaker, o rapper tem presença e se impõe rimando.
O álbum "Astroworld", de 2018, seu último e mais conhecido, foi protagonista no repertório e na preferência do público, com "Butterfly Effect", "Stargazing" e "Carousel" tocadas no começo, e "No Bystanders", "Skeletons" e "Yosemite" vindo depois. As recentes "Praise God", de Kanye West com Scott, e "Fair Trade", de Drake com ele, também entraram na setlist.
A certa altura, ele pediu que as câmeras profissionais não o atrapalhassem. Em outro momento, pediu para que o público, eufórico, desse "dois passos para trás", para evitar tumultos.
A preocupação não é em vão, já que em dezembro do ano passado dez pessoas morreram pisoteadas em um show do rapper em Houston, nos Estados Unidos. Na apresentação no Primavera, seguranças socorreram algumas pessoas que passaram mal e jogaram água na plateia. Em São Paulo na noite deste domingo, a empolgação foi tamanha que até parte do chão da área VIP do festival desabou sob os pulos do público.
Travis Scott é um dos maiores expoentes do trap, o estilo de rap de batidas eletrônicas que se tornou um dos mais consumidos do mundo na última década. De "Rodeo", de 2015, um dos álbuns determinantes nessa ascensão do gênero, ele tocou "90210" e "Antidote", além de um trecho de sua participação em "Love Galore", hit de SZA de 2017.
O rapper pareceu à vontade no palco, descendo para cantar junto da plateia e se declarando ao público brasileiro. Por sua vez, a plateia gritava "Travis" ao fim de cada performance e não perdia a oportunidade de entoar seus "carimbos" --bordões reproduzidos nas músicas, como "straight up", ou "astro", nas faixas de "Astroworld".
O ápice veio já no fim, com o hit "Sicko Mode", parceria de Scott com Drake, promovendo a maior roda de bate cabeça do festival. Logo depois, ele chamou ao palco um fã que estava com cartaz pedindo para cantar com o rapper.
Juntos, eles apresentaram "Goosebumps", um dos maiores sucessos de Scott, para uma plateia eufórica. Vibrante, o show acabou com pouco mais de uma hora e dez minutos de duração.
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