SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Catherine Zeta-Jones, 53, não pensou muito antes de aceitar o papel de Mortícia Addams na série "Wandinha", que estreia na quarta-feira (23) na Netflix. O convite partiu do diretor Tim Burton, fã declarado da família mais excêntrica do universo pop, em uma ligação telefônica. "Se você me pedisse para ler a lista telefônica, eu faria feliz", respondeu a atriz.
"Tinha o fato de ele querer me inserir nesse universo de 'Wandinha', sua mente criativa e a possibilidade de fazer parte da marca que ele queria colocar nessa família tão icônica", enumera sobre os prós, sem lembrar de nenhum contra. "E fazer a Mortícia era uma delícia. Eu só perguntei: quando eu pego o avião?"
A atriz, uma das maiores estrelas de Hollywood entre o final dos anos 1990 e começo dos anos 2000, vem se dedicando mais à televisão desde 2017. Ela também foi seduzida pela possibilidade de dar seu próprio toque a uma personagem já célebre, que surgiu em tirinhas nos anos 1930 e fez sucesso nas interpretações de Carolyn Jones (1930-1983), na primeira série com os personagens, dos anos 1960, e de Anjelica Huston, 71, nos filmes de 1991 e 1993.
"Como atriz, é uma alegria chegar às gravações todos os dias e criar a minha versão de uma matriarca tão icônica e ser parte dessa aventura incrível", conta. "Eu realmente me diverti em cada minuto das filmagens. Agora, quero ser espectadora e assistir tudo."
Para ela, a série traz os personagens a um novo patamar. "Acho que os fãs da Família Addams vão amar porque trazemos a história para o século 21", afirma. "Essa família disfuncional, assustadora, charmosa e amada é trazida para um mundo em que interagem com o que está ocorrendo agora. Eles estão lidando com problemas relevantes agora."
Luis Guzmán, que interpreta Gomez, o marido de Mortícia, concorda. "Os tempos são diferentes, os personagens são diferentes, os intérpretes são diferentes, e é o Tim Burton", diz. "Nós simplesmente acrescentamos novas camadas. Estamos elevando a cultura da Família Addams."
A trama, como o título aponta, é centrada na primogênita do casal, Wandinha -em inglês, Wednesday, ou "quarta-feira"-, aqui vivida por Jenna Ortega, 20. Após ser expulsa de um colégio, ela é enviada ao internato que os pais frequentaram quando jovens, frequentado por filhos de vampiros, lobisomens e outros monstros. Lá, vai começar a investigar as mortes suspeitas que têm ocorrido em uma floresta próxima e que têm sido atribuídas a um urso.
O diretor de clássicos como "Edward Mãos de Tesoura" (1990) e "Os Fantasmas se Divertem" (1988) conta que sempre se identificou com Wandinha, com quem compartilha uma visão de mundo obscura. Ele diz que os criadores e produtores executivos Alfred Gough e Miles Millar parecem ter escrito a série para ele.
A dupla, que costumava assistir a reprises da série de TV e aos filmes sempre que estavam passando, conta que fez questão de não fazer uma nova versão da mesma história. "Era importante que não fosse um remake ou um reboot, mas algo completamente novo, um novo capítulo na vida da Wandinha que ninguém tivesse visto antes", diz Millar.
Gough compara a abordagem com o que fizeram em "Smallville" (2001-2011), que contava a história do jovem Clark Kent antes de virar Super-homem. "A série é sobre a Wandinha e explora a jornada dela enquanto se torna adulta", afirma. "Ela sempre foi retratada como uma jovenzinha muito nova, e gostamos da ideia de explorar quem ela era aos 16."
Os dois roteiristas são pais de adolescentes e acreditam que as filhas ficarão orgulhosas do que elas criaram. "É comum que histórias sobre adolescentes do sexo feminino comecem com as heroínas sendo fracas ou feias, e depois elas crescem e se metamorfoseiam em borboletas", lembra Millar. "Aqui não temos isso. O que amamos na Wandinha é que ela é forte, independente, cheia de opiniões, muito inteligente e engraçada desde o começo. E nunca se desculpa por isso."
Além disso, Gough tem uma visão bastante particular sobre por que a personagem continua fazendo sucesso ao longo de tantas gerações --ele lembra que o musical da Família Addams foi o mais encenado em escolas de ensino médio americanas nos últimos 5 anos.
"Eu acho que a Wandinha ainda tem tanta força porque diz o que o resto de nós queríamos poder dizer", avalia. "Ela está inserida em um mundo politicamente correto, no qual as pessoas têm medo de serem canceladas ou de dizer a coisa errada e ter que enfrentar uma tempestade de críticas. Ela não liga. Ela segue seu próprio propósito, que é sempre ser sincera com ela mesma."
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